| 28/10/2005 17h08min
O período em que teria ocorrido o maior número de mudanças de partido na Câmara dos Deputados, desde 2003, foi a época também em que o empresário Marcos Valério liberou as maiores quantias de recursos ao PT. É o que indica um estudo realizado pelo PSDB a pedido do deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) e divulgado hoje.
O estudo mostra que, de janeiro a junho de 2003, o PT recebeu do empresário cerca de R$ 16,4 milhões – que, segundo o ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, foram usados para pagamento de despesas de campanha.
– O período do pagamento maior foi também o período em que teve o maior número de trocas de partidos. E, principalmente, de gente que queria ir para o governo. Os partidos que engrossaram suas fileiras foram o PL e o PTB –disse Redecker.
Segundo os dados da Secretaria Geral da Mesa Diretora da Câmara, em janeiro de 2003, 14 deputados mudaram para o PTB, legenda do deputado cassado Roberto Jefferson – autor
das denúncias do suposto esquema de
pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado mensalão. No mesmo mês, 11 deputados foram para o PL e dois para o PMDB. No entanto, nenhum parlamentar mudou para o PT ou para o PP. Todas essas legendas receberam recursos, segundo o empresário Marcos Valério. De janeiro a junho de 2003, 22 deputados foram para o PTB; 19 para o PL; quatro para o PMDB; um para o PP e nenhum para o PT.
Um dos gráficos do levantamento do PSDB mostra que o PTB teria recebido R$ 5 milhões - a maior quantia destinada por Valério a um partido – em julho de 2004 durante as campanhas municipais. Redecker questiona se o recurso foi realmente utilizado para quitar dívidas eleitorais.
– O deputado cassado Roberto Jefferson disse que recebeu R$ 4 milhões, não nega isso. Mas não diz para onde foi esse dinheiro. Quem disse que foi para pagamento de campanha? Enquanto ele não disser, não se pode saber o destino do dinheiro – afirmou o tucano.
O estudo do PSDB relaciona ainda as datas e as quantias dos repasses de Marcos Valério às principais votações ocorridas no Congresso. O deputado questiona:
– Se for observado que a maior parte das liberações ocorre juntamente com as trocas partidárias, começamos a perguntar: por quê? Outra questão de destaque é que foram liberados esses recursos antes e logo depois de votações importantes para parlamentares que foram buscar esses valores, inclusive, no Banco Rural em Brasília. Há muita coincidência para dizer que não houve mensalão – ressaltou Redecker.
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