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Governo alerta para risco de golpe

O clima de conspiração ressurge gradualmente na Argentina. E a tal ponto que preocupa integrantes próximos ao presidente Eduardo Duhalde. Em declaração ao jornal Página 12, o secretário particular de Duhalde, José Pampero, deixou bem claro o temor: “Estamos preocupados porque alguns setores preferem um golpe institucional”.

O país está abalado por conflitos populares e índice de desemprego de 22%, o que constitui um recorde histórico. A classe média está encolhendo rapidamente – passou nos últimos 25 anos de 65% da população para menos de 45%. O socorro do Banco Central aos bancos e ao governo já consumiu 61% do que a autoridade monetária poderá emitir em moeda neste ano. Com a emissão acelerada, a inflação ganha fôlego.

Para fevereiro, o vice-ministro da Economia, Jorge Todesca, disse que espera inflação abaixo de 7%. Na última semana, o Ministério da Economia afirmava que o índice ficaria próximo a 2%. Uma resposta militar às explosões sociais, que estão sendo causadas por estes índices de empobrecimento, é assunto para diversos setores do establishment. Dentro do governo indicam-se os setores pró-dolarização como os conspiradores de um eventual golpe militar. O secretário de Segurança, Juan José Alvarez, se diz alerta:

– Existem uns irresponsáveis que estão trabalhando para derrubar Duhalde. Mas eu digo que Duhalde não cai.

Segundo o Página 12, o tenente-general Ricardo Brinzoni, chefe do Estado-Maior do Exército, estaria mantendo reuniões com empresários para analisar a crise política, social e financeira. As conversas incluiriam os hipotéticos cenários que poderiam aparecer com uma eventual queda do governo. Poucos dias atrás, Brinzoni desmentiu qualquer possibilidade de conspiração contra o governo por parte dos militares.

– O Exército não possui essa missão, nem meios, nem treinamento para substituir a polícia diante de uma explosão social – alegou.

O Página 12 sustenta que em reunião com um dos principais banqueiros do país, Brinzoni teria definido o presidente Duhalde como “um inútil” e “má pessoa”.

– Parece-me que há um montão de gente com objetivos próprios, que não são precisamente o bem comum dos argentinos, mas o pessoal – disse o secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, ao ser perguntado se há setores que querem a queda de Duhalde.

Na semana passada, o próprio presidente disse que há “políticos que desejam antecipar as eleições” marcadas para dezembro de 2003. Duhalde só admitiu a antecipação se a situação social estiver calma.

 
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