O líder indígena Evo Morales, virtual presidente eleito da Bolívia, anunciou hoje que seu futuro governo realizará uma luta efetiva contra o narcotráfico e exercerá o direito estatal sobre o gás.

– Nem a cocaína nem o narcotráfico são parte da cultura boliviana, muito menos da cultura dos quechuas e aymaras – disse em entrevista coletiva na principal sede da Federação do Trópico de Cochabamba, que agrupa os produtores de coca do país.

No entanto, Morales, a quem as projeções extra-oficiais dão uma vitória por maioria absoluta, disse que a política antidroga não pode estar orientada à meta de "zero coca, nem zero cocaleiro", e que isso "tem que mudar". O líder cocaleiro acrescentou que não está de acordo com o fato de a luta contra o narcotráfico ser "um falso pretexto para que os Estados Unidos instalem bases militares".

Aos jornalistas, Morales também afirmou que parte de seu plano de governo será o exercício do direito da propriedade estatal sobre os hidrocarbonetos, o que "não significa confiscar, nem expropriar bens das trasnacionais". Ele acrescentou que o país necessitará de tecnologia das empresas para a prospecção e que esses serviços das multinacionais serão pagos.

– Mas, fundamentalmente, nosso governo estará orientado a como industrializar os recursos naturais, especialmente o gás natural e os outros hidrocarbonetos – afirmou.

Morales se reunirá na próxima quarta em Cochabamba com os líderes dos movimentos sociais e as organizações populares que o apóiam, para planejar seu futuro governo.

AGÊNCIA EFE