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 | 14/01/2006 17h05min

Adolescente teria sido obrigado a assumir morte de Celso Daniel

Caso foi dado por encerrado como crime comum pelos investigadores

Reportagem da edição da revista Istoé que chega às bancas neste fim de semana deve abalar a tese de que o seqüestro e a morte do prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André (SP), seria um crime comum.

Segundo a matéria, o autor confesso dos disparos, o então adolescente LSN, de 17 anos, teria sido obrigado por um de seus comparsas a assumir o crime que completará quatro anos no dia 18.

Cerca de dois meses depois de o corpo de Celso Daniel ter sido encontrado em uma estrada em Juquitiba, a 75 quilômetros de São Paulo, o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa de São Paulo concluiu que o assassinato havia sido um crime banal. O inquérito teve o aval do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), nomeado pelo partido para acompanhar as investigações. O caso foi dado como encerrado, com a prisão de uma quadrilha de assaltantes e seqüestradores. A conclusão foi em grande parte baseada na confissão de LSN.

IstoÉ afirma ter obtido um documento, datado de outubro de 2004, que revelaria a existência de uma farsa. Produzido por funcionários da Febem do Tatuapé, onde LSN estava em regime de internação, o documento mostraria que o jovem não foi o autor dos disparos. No informe, ele confessa aos técnicos que foi obrigado por seus comparsas a assumir a autoria do crime. Se não o fizesse, ele e sua família poderiam ser mortos. Segundo a revista, LSN fugiu há seis meses, após cumprir três anos de internação.

Um novo laudo produzido pelo Instituto Médico Legal (IML), assinado pelo legista Paulo Vasques, reafirma a conclusão defendida pelo legista Carlos Delmonte até sua morte em 2005: que o menor não matara o prefeito. Delmonte foi encontrado morto em circunstâncias misteriosas, sozinho em seu escritório, enquanto redigia o laudo agora concluído por Vasquez. No estudo que será apresentado pelo IML ao Ministério Público está comprovado que não seria possível que o rapaz tivesse matado o prefeito, pelo menos da forma como foi feita na reconstituição do crime. Além disso, mostrará que o prefeito foi de fato torturado antes de morrer.

Por pressão do Ministério Público e da família, as investigações foram reabertas.

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