| 24/02/2006 10h35min
A epizootia de gripe aviária pode difundir-se agora em escala mundial, segundo o diretor-geral da Organização Internacional de Epizootias (OIE), Bernard Vallat. Em entrevista publicada na edição de hoje do jornal Le Monde, Vallat indica que as informações dos especialistas já não deixam dúvidas de que "assistimos a uma evolução rápida da situação caracterizada pela transformação progressiva de uma epizootia em panzootia", ou seja, este mal que afeta os animais passaria a ter dimensões globais.
Vallat disse que, salvo Austrália e Nova Zelândia, que não parecem preocupadas com as migrações de aves aquáticas procedentes das zonas infectadas, o resto do mundo está diretamente exposto.
Indicou que várias pistas permitem temer a contaminação dos pássaros do continente americano, uma hipótese que deve ser levada em conta pelas organizações nacionais e internacionais encarregadas do assunto.
Perguntado sobre o papel das aves migratórias na propagação do vírus, Vallat disse que todos os dados de que dispõe são convergentes: as aquáticas são portadoras, enquanto a priori parece que as terrestres não podem ser afetadas.
Vallat alertou, no entanto, que, se as aves terrestres fossem afetadas, a situação seria claramente mais desfavorável e inquietante e complicaria os sistemas de confinamento de aves de granja que começam a ser aplicados e estão destinados a prevenir os contatos diretos e indiretos com as aves silvestres.
Para Vallat, tudo faz pensar que os avicultores têm que se preparar para conviver de forma duradoura com o vírus, devido à presença do H5N1 na África.
O primeiro caso de gripe aviária em uma fazenda avícola foi registrado ontem na França. Confirmou-se que se trata do vírus H5 e se saberá hoje se a cepa é a N1, a mais virulenta.
Vallat expressou seu desacordo com as medidas de vacinação de certas aves de granja decididas pela França e Holanda com o sinal verde de Bruxelas.
Explicou que uma vacinação generalizada impõe limitações, como a imobilização das aves vacinadas e a necessidade de uma dupla injeção, a segunda das quais deve ser administrada pelo menos quatro semanas antes do consumo da carne pelo ser humano.
Mas admitiu que a vacinação pode ser útil nos países mais afetados e ressaltou que só pode ser uma solução de último recurso, quando já não se pode controlar a situação com medidas de sacrifício e confinamento das aves de granja.
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