| 19/04/2002 07h53min
As declarações do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, ontem, dia 18, em Brasília, provocaram mal-estar no PPS gaúcho. Oficialmente, o partido ainda tentará um acordo, mas poucos acreditam numa solução para o impasse diante do veto de Brizola à candidatura do ex-governador Antônio Britto.
No começo da tarde, ao deixar a sede do PDT, Brizola descartou ainda o nome do senador José Fogaga (PPS) ao governo gaúcho. O líder pedetista também acusou o PPS gaúcho de fazer Ciro Gomes de refém, prejudicando sua candidatura à Presidência, enquanto pressiona a favor de Britto. Logo após a entrevista de Brizola, o presidente estadual do PPS, deputado Nelson Proença, ligou para Ciro.
– O Brizola deu uma entrevista dura. Bateu até no Fogaça – queixava-se Proença a Ciro, por telefone.
Proença se comprometeu a enviar a Ciro um documento anunciando o cancelamento da reunião de sábado do PPS gaúcho e conclamando os partidos da Frente Trabalhista (PPS, PTB e PDT) a se reunir no Estado para tentar encontrar uma solução, sem a interferência das direções nacionais.
– Depois de abusar do direito a veto, Brizola passou a adotar uma postura intransigente. Ou a gente diz sim ou não sai acordo. Deixou de ser veto e passou a ser uma imposição – disse Proença.
O senador José Fogaça (PPS) também não escondia sua indignação com o impasse e com a postura de Brizola. Apontado como uma alternativa diante do veto de Brizola a Britto, Fogaça passou a admitir a hipótese de concorrer ao governo, se isso facilitasse um consenso. No PDT gaúcho, há parlamentares simpáticos ao nome do senador, que poderia ter mais densidade eleitoral do que o vereador José Fortunati (PDT), candidato de Brizola.
O tom das declarações de Brizola, que fez questão de realçar a amizade de Fogaça com o presidente Fernando Henrique Cardoso, foi entendido pelo PPS e pelo próprio senador, como uma espécie de veto:
– Ao falar assim, Brizola não me ofendeu, mas está me excluindo. O estranho é que ele me exclui para o governo, mas concorda com minha candidatura à reeleição – declarou Fogaça.
A convicção do PPS é de que Brizola não abrirá mão de indicar o candidato ao governo, em troca de apoio a Ciro. A postura é semelhante à adotada por Brizola em 1998, quando foi vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas exigiu em troca apoio ao candidato Anthony Garotinho (na época, no PDT), no Rio. Com isso, alguns parlamentares já falam até mesmo em lançar Britto ao Piratini, mesmo sem acordo.
– Se depender das bases do PPS, Britto será o candidato. Como vamos abrir mão de uma candidatura, que poderá ser a única vitória do PPS nos Estados? O Brizola está mais preocupado é com o seu testamento político – afirmou o deputado Mário Bernd (PPS).
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), descartou ontem a possibilidade de impor uma candidatrua na discussão com o diretório estadual do partido:
– Um candidato não será jamais imposição da direção nacional. Jamais fiz isso. O máximo que podemos fazer é participar de uma discussão, mas a decisão será sempre dos companheiros do Sul.
KLÉCIO SANTOSGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.