| 18/03/2006 14h24min
Em uma demonstração de união em torno da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigentes petistas de diversas correntes saíram em defesa do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, neste sábado, antes da reunião do diretório nacional do partido.
– A questão é secundária, irrelevante e não tem a ver com o país. Está se criando uma celeuma muito grande. Temos coisas mais importantes para discutir, como um novo modelo para o serviço de TV e radiodifusão – disse o secretário-geral do PT, Raul Pont, da corrente de esquerda Democracia Socialista.
Segundo Pont, as denúncias feitas pelo caseiro Francenildo dos Santos Costa sobre as supostas idas de Palocci à uma casa alugada por integrantes da chamada "República de Ribeirão Preto", em Brasília, fazem parte da vida privada do ministro e nada têm a ver com questões de governo.
– A questão do Palocci é pessoal e não tem a ver com a função de ministro – disse Pont, um dos mais contumazes críticos da política econômica de Palocci.
Até Markus Sokol, líder da corrente radical trotskista O Trabalho saiu em defesa de Palocci.
– Defendo a demissão da política econômica, não do ministro – disse.
Segundo Sokol, Palocci é um militante do PT, ao contrário de outros nomes do primeiro escalão do governo que saíram do empresariado, como os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura), além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Dirigentes de setores moderados do partido, como o terceiro vice-presidente, Jilmar Tatto, da corrente PT de Luta e de Massa, defenderam não só Palocci como também a política econômica do governo.
– O PT não vai faltar neste momento em apoiar não só o Palocci mas a política econômica – afirmou.
Tatto e outros dirigentes petistas acusaram a oposição de agir irresponsavelmente em função do bom desempenho de Lula nas pesquisas eleitorais. Ele defendeu que o partido entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal para enquadrar a CPI dos Bingos que, segundo Tatto, extrapolou suas atribuições.
– Vamos discutir mais uma vez a possibilidade de o PT entrar com uma ação no Supremo em função do desvio de foco da CPI. Está faltando responsabilidade à CPI – disse.
O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), resumiu a questão dizendo que o partido se uniu para enfrentar os ataques da oposição ao governo às vésperas da eleição.
– A tendência é o partido se unificar em um momento de forte ataque. PSDB e PFL partem para uma fase de desespero e ataques irresponsáveis, tentando evitar que cheguemos à eleição batendo nos projetos e no governo. A CPI do fim do mundo já passou do fim do mundo faz muito tempo. Devemos entrar com uma ação no STF – afirmou.
Fontana também adotou o discurso de que a suposta ida de Palocci à casa é um problema pessoal do ministro.
– Se o ministro foi a uma eventual casa participar de uma eventual festa é um problema pessoal dele – afirmou.
O líder defendeu uma investigação sobre o vazamento de dados protegidos pelo sigilo bancário de Francenildo. Mas também cobrou a apuração da origem do dinheiro.
– As mesmas regras que valem para o PT também valem para o PSDB. Do mesmo jeito deve ser investigado se este caseiro recebeu algum tipo de vantagem para depor sobre algo que não é verdadeiro.
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