Na tentativa de estancar o novo foco de crise no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu punição para quem violou o sigilo bancário do caseiro que emparedou o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

A ordem de Lula é demitir o responsável pela abertura dos dados de Francenildo Santos Costa, seja quem for. No Palácio do Planalto e no Ministério da Justiça, o gesto de quem agiu na tentativa de defender Palocci foi considerado "um tiro no pé".

– Quem fez isso vai ter de pagar – disse Lula, em reunião com ministros na noite de segunda-feira.

A Polícia Federal suspeita de que os dados tenham sido ilegalmente abertos pela Caixa Econômica Federal, subordinada ao Ministério da Fazenda. A Caixa é presidida por Jorge Mattoso, amigo de Palocci. A instituição também está fazendo uma auditoria para apurar como a movimentação bancária de Francenildo vazou para a imprensa.

O comando da Caixa admitiu ontem, diante de três senadores da CPI dos Bingos, que o extrato pode ter saído de dentro do banco. Na reunião com Mattoso e oito vice-presidentes, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou cópias dos extratos do caseiro.

– Não foi através do auto-atendimento, não foi por meio da Internet, é um extrato fornecido em nível de gerência da Caixa – disse o tucano.

Fragilizado com as denúncias do caseiro, Palocci adotou a estratégia de se proteger em seu gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto. Desde que Francenildo disse, no dia 14, que o ministro freqüentava uma mansão de Brasília onde haveria partilha de dinheiro e festas embaladas por garotas de programa, Palocci evita até o Ministério da Fazenda e limita a agenda a reuniões e despachos no palácio, onde usa entradas e elevadores privativos.

Ontem, o advogado Wlício Chaveiro Nascimento entregou a autorização para que a CPI tenha acesso aos sigilos do caseiro, limitando a consulta aos membros da comissão.

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