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 | 22/03/2006 15h32min

Argentina critica Brasil por revelar dados de reunião Mercosul-UE

Blocos negociam abertura de mercados

O secretário-geral de Comércio da Argentina, Alfredo Chiaradía, criticou hoje o Brasil pelo vazamento de dados sobre a reunião realizada nesta terça, dia 21, entre a União Européia (UE) e o Mercosul, como a possibilidade de que o bloco sul-americano abra seu mercado automobilístico.

– O Brasil pode falar sozinho se quiser, mas não em nome de todo o Mercosul. Este ponto (a possibilidade de abrir o setor automobilístico) não foi tocado na reunião de ontem – disse o representante argentino na reunião, que aconteceu na Comissão Européia (CE, órgão executivo da UE).

Chiaradía explicou que, antes da reunião de ontem, "alguns detalhes e números foram revelados a alguns meios brasileiros", algo que gerou "uma reação negativa por parte do negociador europeu", o diretor-geral de Comércio, Karl Falkenberg.

Segundo essas informações, o Mercosul estaria disposto a acelerar a liberalização do mercado automobilístico se o Executivo europeu der passos para libertar o acesso dos produtos agrícolas sul-americanos.

A UE e Mercosul se reuniram ontem para tentar dar um novo impulso às negociações do acordo de livre comércio entre os dois blocos, e a parte sul-americana apresentou uma série de propostas, referentes, principalmente ao setor agrícola e de serviços, que será estudada pelo Executivo europeu.

– Nesta reunião, o Mercosul fez um maior esforço preparatório. Demos idéias para poder avançar nas negociações. A CE ouviu nossa apresentação e nos fez algumas perguntas – disse o negociador argentino, que precisou que "não vale a pena dar mais detalhes de uma reunião que discutiu questões técnicas".

Sobre as afirmações feitas ontem o presidente da CE, José Manuel Durão Barroso, de que "a Europa é o mercado mais aberto do mundo" entre as grandes potências, Chiaradía afirmou que, "no caso da agricultura, essa não é uma afirmação certa".

– A UE tem grandes barreiras ao acesso de produtos e uma enorme quantidade de subsídios à produção interna e à exportação – sentenciou Chiarachía, afirmando que "assim como a UE tem uma abertura limitada no setor agrícola, nós também temos direito a que alguns de nossos setores sejam preservados.

O porta-voz de Comércio europeu, Peter Power, se somou hoje à discrição mostrada pelo representante argentino sobre o encontro, e disse que "tenho ordens explícitas de não dizer nada sobre a reunião de ontem".

AGÊNCIA EFE
 
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