| 23/03/2006 13h48min
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, advertiu hoje que as probabilidades de sucesso da Rodada de Doha de negociações "serão decididas nos próximos 40 dias", prazo que resta até o próximo encontro dos integrantes da organização em Genebra, no final de abril.
Diante da comissão de Comércio do Parlamento Europeu, Lamy lembrou que os negociadores deixaram sem solução, na conferência de Hong Kong de dezembro, três questões "essenciais": de quanto será a redução dos subsídios à agricultura, das tarifas que taxam o comércio agrícola e das que taxam a indústria.
Na primeira questão, explicou o francês, corresponde principalmente aos EUA fazer concessões "não superficiais"; na segunda, à UE; e na terceira, aos países emergentes, como Brasil, China e Índia.
– É nesse triângulo que se encontra a chave da negociação – ressaltou.
Em Hong Kong, os 150 membros da organização estabeleceram o objetivo de concluir a rodada no fim de 2006, mas fixaram para o final de abril uma meta intermédia na qual deveriam definir as fórmulas – modalidades, no jargão negociador – que determinarão a redução de subsídios e tarifas alfandegárias.
Lamy reiterou que o futuro da rodada depende que os três principais atores – UE, EUA e países emergentes – melhorem "as ofertas que estão sobre a mesa agora" visando a próxima reunião.
– As probabilidades de sucesso dessa rodada serão decididas nos 40 dias que nos separam até o final de abril – concluiu.
Respondendo a perguntas de deputados da UE, Lamy estimou que os EUA podem estar dispostos a fazer concessões em matéria de subsídios agrícolas, já que a reforma interna de sua legislação agrícola e a negociação na OMC "podem ser simultâneas".
– O calendário eleitoral a médio prazo também é propício para que se tomem decisões agora – considerou.
A rodada de Doha começou em 2001 no Catar com o propósito de liberalizar as trocas comerciais globais em agricultura, bens industriais ou serviços, entre outros, e o objetivo formal de beneficiar principalmente os países em desenvolvimento.
O diretor-geral expressou hoje sua convicção - baseada, disse, em estudos e projeções - de que quanto maior for o grau de liberalização estabelecido na rodada, maior será o benefício que as economias desfavorecidas extrairão dela.
Por outro lado, se as negociações da OMC terminarem sem acordo e se propiciar assim um aumento dos tratados de livre-comércio bilaterais, o resultado seria "uma má notícia para os países em desenvolvimento" e um "fracasso" para os que, como a UE, defendem a regularização da globalização com regras multilaterais.
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