| 13/03/2006 13h21min
Após mais de 14 horas de intensas e ininterruptas discussões em Londres, os ministros dos seis países considerados os principais protagonistas da Rodada de Doha, encerraram ontem mais um encontro sem avanços concretos nas negociações comerciais.
Embora o comissário europeu Peter Mandelson tenha qualificado o encontro como "construtivo" para esclarecer as expectativas de cada país e afirmado que o "desafio para se chegar a um acordo" até o prazo limite de 30 de abril continua firme, ficou claro que a enorme distância que separa as posições dos países ricos e em desenvolvimento continua inalterada.
Na avaliação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o que se viu na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) "ficou muito distante" dos "passos audaciosos" solicitados pelo presidente Lula e pelo primeiro ministro britânico, Tony Blair:
– Não por falta de disposição dos negociadores, mas porque o clique para um acordo ainda não está presente na mesa de negociações – disse Amorim, em entrevista à imprensa, ao lado dos colegas dos Estados Unidos, Índia, Japão, Índia, Austrália, além da União Européia.
Ele reiterou a posição brasileira que, sem a realização de um encontro de chefes de Estado, proposta pelo presidente Lula e apoiada pelo primeiro ministro Tony Blair, dificilmente o impasse será resolvido:
– A não existência de um clique para o avanço das negociações mostra que Lula e Blair estão certos quando afirmam que um encontro de chefes de Estado é crucial. Tenho convicção de que senão tivermos um ambicioso resultado provavelmente não teremos resultado nenhum. E isso ainda não está claro.
O eixo do impasse nas negociações continua sendo a exigência dos países em desenvolvimento para que as nações ricas reduzam as suas barreiras e subsídios no setor agrícola. Em contrapartida, os países ricos demandam a queda de tarifas de importação dos bens industriais e uma maior abertura do setor de serviços dos países emergentes.
Os ministros participantes da Rodada de Doha destacaram, no entanto, que o encontro serviu para esclarecer os "contornos de diferentes acordos possíveis". Segundo Mandelson, houve um "bom progresso" na área. O representante para o Comércio dos EUA, Rob Portman, disse que a reunião serviu para mostrar "a elasticidade" necessária para que se chegue a um acordo. Essa elasticidade mostrou que há partes "boas, ruins e feias". Como exemplo de uma parte "feia", Portman citou o caso da agricultura:
– A agricultura é sempre uma área tensa, politicamente sensível.
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