O Ministério Público (MP) de Caxias do Sul ofereceu na tarde desta quarta denúncia contra o zagueiro Antônio Carlos, do Juventude, por racismo. A decisão é baseada em uma investigação criminal dos incidentes verificados na partida do dia 5 de março entre o time da Serra e o Grêmio, no Estádio Alfredo Jaconi, pelo Gauchão.

Após ser expulso de campo por ter cometido falta violenta no volante Jeovânio, do Grêmio, Antônio Carlos esfregou os dedos no braço, gesto que foi imediatamente interpretado como de cunho racista por parte da imprensa e da torcida. Ofendido, Jeovânio procurou o MP no dia seguinte e uma investigação foi iniciada.

– Havia indícios da prática deste crime – afirmou o promotor Diego Rosito de Vilas, que assina a denúncia com o também promotor Rafael Stramar de Freitas Santos.

Antônio Carlos foi enquadrado no artigo 20 da lei 7.716/89, que prevê pena de um a três anos de prisão, além de multa, para quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Existe a possibilidade de conversão da pena para prestação de serviços comunitários.

Agora, a denúncia do MP irá para alguma das varas criminais de Caxias do Sul. Em seguida, Antônio Carlos será convocado para um interrogatório, quando então ouvirá uma proposta de suspensão condicional do processo. Para ter direito a este benefício, o zagueiro terá de cumprir três requisitos (veja quadro).

Já o volante Jeovânio, que havia manifestado a sua indignação com a decisão da Justiça Desportiva de absolver Antônio Carlos da acusação de racismo (o zagueiro foi punido com 120 dias de suspensão pela agressão), aprovou o trabalho dos procuradores.

– O Ministério Público não está fazendo mais do que o necessário. Tem de existir justiça em tudo na vida e espero que as coisas aconteçam da forma que eu, a comunidade negra e a maioria das pessoas brancas esperam que aconteçam – declarou.

PIONEIRO E RÁDIO GAÚCHA