| 28/04/2006 18h46min
A Infraero encaminhou à Varig três interpelações extra-judiciais, relativas às empresas do grupo (Varig, Varig Nordeste e Rio Sul). Os documentos dão cinco dias de prazo para que a companhia aérea volte a pagar a taxa pela utilização diária da infra-estutura aeroportuária.
De acordo com o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, o prazo extra-judicial expira na próxima sexta-feira, e caso a Varig não passe a pagar regularmente os valores cobrados, a única forma de continuar operando será mediante o pagamento antecipado e diário da tarifa de utilização aos aeroportos. No caso da Varig, o valor da taxa gira em torno de R$ 900 mil por dia.
O tenente-brigadeiro acredita que a Varig tem condições de fazer os pagamentos à Infraero, principalmente se buscar uma otimização em seus vôos e na forma de operar.
– Eu não vejo num horizonte de curto prazo a possibilidade de a Varig deixar de voar. Mesmo que eu tenha que aplicar uma medida dura de cobrança diária, eu garanto que eles têm condições de pagar – avaliou o presidente da Infraero.
Para Pereira, ajustes na programação de vôos da companhia seriam suficientes para manter a empresa em operação neste momento.
– Cancela alguns vôos, otimiza, e vai continuar voando – afirmou.
A Varig já deve à Infraero R$135 milhões acumulados pelo não pagamento da taxa desde setembro do ano passado, quando uma liminar da Justiça do Rio de Janeiro permitiu que a Varig deixasse de pagar o encargo durante oito meses.
José Carlos Pereira afirmou que a empresa está aberta a negociar a dívida existente, mas não pode permitir que os valores devidos continuem aumentando. Ele chegou a admitir a ampliação do prazo de pagamento da dívida para contribuir com a recuperação da Varig.
– Num trabalho desse, todo mundo tem que ceder em alguma coisa, dentro da lei – afirmou.
O presidente da Infraero salientou que uma extensão de prazos tem que ser negociada em nível de governo.
– A Infraero é uma empresa estatal. Nós vamos seguir a orientação governamental, dentro dos limites da lei. O presidente já falou isso e a ministra Dilma já deixou bem claro: faremos tudo o que for necessário, todas as engenharias econômicas, mantida a estrita exigência da lei.
O tenente-birgadeiro garantiu que qualquer negociação não será feita pela Infraero e sim em conjunto com os outros credores e representações envolvidas no plano de recuperação da Varig. Luis Carlos Pereira ressaltou que houve uma correção de rumos na postura do governo em relação ao caso Varig.
– O governo está absolutamente convencido de que é preciso apoiar com mais vigor a recuperação da companhia.
Segundo ele, a partir de quinta-feira, "os esforços que o governo está fazendo para encontrar uma solução para a crise da Varig caminharam muito". Pereira afirmou que está otimista e que uma boa solução será encontrada "para a proteção dos empregos, dos trabalhadores e da bandeira da Varig, principalmente no exterior".
O presidente da Infraero destacou, no entanto, que não basta vontade política, é preciso encontrar meios de resolver a questão.
– O problema é como agir rigorosamente dentro da lei e encontrar saídas – explicou.
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