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O cantor de pagode Marcelo Pires Vieira, o Belo, deve ser indiciado por associação para o tráfico de entorpecentes e pode ser condenado à pena de três a 10 anos de prisão. O anúncio oficial foi feito nesta terça-feira, dia 28 de maio, pelo chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Zaqueu Teixeira, depois que o perito Ricardo Molina da Universidade de Campinas (Unicamp), confirmou ser de Belo a voz registrada em conversa telefônica com o traficante Valdir Ferreira, o Vado, do Complexo do Jacarezinho. Teixeira disse que pedirá a quebra dos sigilos bancário e fiscal do cantor.
O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Ricardo Hallack, afirmou que o Ministério Público pode pedir a prisão do cantor, o que aconteceria se houvesse indícios de que Belo pretende fugir após a conclusão do inquérito. O prazo para o fim da investigação é 6 de junho, mas pode ser estendido.
Hallack contou que, em depoimento prestado no dia 7, Belo não foi categórico ao negar que fosse dele a voz gravada pela polícia. O trecho analisado por Molina tem 11 minutos e faz parte de interceptações telefônicas feitas no dia 4 de abril a partir de grampo no celular de Vado, feito com autorização judicial. A perícia foi solicitada pela juíza Rute Viana Lins, da 24ª Vara Criminal do Rio.
A dificuldade do cantor em pronunciar erres e eles, a voz aspirada e a fala típica da periferia de São Paulo, região de origem de Belo, foram alguns dos elementos para a conclusão. Molina garantiu que a fita é autêntica e não foi manipulada.
Teixeira acrescentou que outras pessoas estão sendo investigadas e que parentes de Belo também poderão ter seus sigilos quebrados. O telefone para o qual o traficante Vado ligou, instalado na mansão do cantor, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio, está em nome de Rodrigo Guedes dos Santos, irmão de Viviane Araújo, mulher do cantor.
Nas ligações, Vado pede dinheiro para comprar "tecido fino" (que seria cocaína) e recebe em troca o pedido de um "tênis AR" (um fuzil AR-15), segundo a polícia. O cantor, ex-Soweto, disse à polícia, no último dia 7, que sua casa estava em obras e que até 20 trabalhadores chegaram a ficar no local.
A Gravadora EMI, do cantor Belo, divulgou nota na qual contesta a análise da fita feita pelo perito Ricardo Molina. A gravadora diz que há falhas no processo de investigação e que "nomeou-se um perito não-oficial para efetuar a perícia, o que não é comum". O delegado Teixeira afirmou que a nomeação do perito foi feita pela juíza responsável por analisar o processo.
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