| 08/05/2006 14h45min
Passados dois dias de sua inusitada saída da Portuguesa, o técnico Edinho comentou sua decisão de pedir demissão justamente após a goleada de 4 a 0 sobre o América-RN, primeira vitória da Lusa nesta Série B. Em entrevista ao Diário de São Paulo, o treinador revelou que se sentiu traído com a decisão da diretoria em negociar com outros nomes sem o seu conhecimento.
– O Beto Cordeiro (vice-presidente) foi quem me trouxe para Portuguesa. Eu confiava muito nele, mas ele estava desde o jogo contra o Coritiba, negociando com um novo treinador, nas minhas costas. Me falaram isso e eu cobrei a diretoria, que me garantiu que tudo isso não passa de boato e que eu estava prestigiado – declarou o treinador.
Edinho mostrou estar à parte do plano da diretoria, em usar um provável tropeço diante dos potiguares para justificar sua demissão.
– Eu acho que eles (dirigentes) ficaram se lamentando cada gol que fazíamos, porque seria complicado me demitir após uma vitória elástica – garantiu, afirmando que estava ciente das negociações da Rubro-verde com Jair Picerni durante a última semana.
– Desde o jogo contra o Coritiba (dia 29 de abril) eu estava sabendo sobre esse interesse em outro treinador. Achei uma grande sacanagem o que fizeram. Se eles têm alguma coisa contra mim, que me tirassem logo. Eles não foram leais comigo, com a Portuguesa, com ninguém – afirmou.
Em 67 dias no cargo, Edinho viveu o fatídico rebaixamento no Campeonato Paulista, mas considerava bom o trabalho que vinha sendo feito na Portuguesa. Nesse período, repatriou vários jogadores afastados pelo antecessor Giba e aceitou a política de renovação do elenco, com as dispensas de nomes como Gléguer, Almir e Rodrigo Pontes. Fora isso, assegura que não havia intriga com Cléber e enfatiza que a postura da própria diretoria criava um mal-estar dentro do grupo.
– Eles (dirigentes) tentaram de todas as maneiras colocar o Cléber contra mim. Ficavam perguntando para os atletas, se eles estavam satisfeitos comigo, se não tinham nada contra mim. Eu estava lançando vários garotos. O Rai, que estava afastado, eu trouxe de volta. O Diogo foi até convocado para seleção brasileira sub-20 – lembrou.
O curioso é que enquanto a diretoria negociava com Picerni um salário de R$ 80 mil mensais, Edinho recebia pouco mais de R$ 20 mil. Ao contrário do que os dirigentes afirmavam, o treinador tem contrato com o clube até o final do ano e, após recusar propostas de Fluminense e Paysandu para seguir no Canindé, vai brigar para receber o que lhe é direito, 50% dos salários pendentes até dezembro.
– Quero receber o que tenho direito. Não aceito negociar nada – afirmou.
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