| 10/05/2006 17h57min
O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira poupou o presidente Lula em seu depoimento na CPI dos Bingos, que encerrou no fim desta tarde. Silvinho negou que tenha dito que Lula, José Genoíno, José Dirceu e o senador Aloizio Mercadante comandavam o valerioduto, mas sim que eles eram os dirigentes do partido. Segundo Silvio Pereira, o fato já é público e notório.
Silvinho se contradisse diversas vezes durante o depoimento, que durou cerca de seis horas e meia. Ele chegou a afirmar que o ex-tesoureiro Delúbio Soares era o único responsável pela arrecadação ilegal do PT, mas depois disse que não acreditava nisso. O depoente disse que era de conhecimento de dirigentes da legenda que o partido tinha uma dívida alta e que Delúbio estava tentando empréstimos na rede bancária para quitá-la. Silvinho afirmou que Delúbio tinha autoridade para contratar empréstimos e disse considerar que a diretoria do partido era responsável pelos atos do tesoureiro.
– Sabia que estava devendo um valor alto, não necessariamente R$ 50 milhões, e que estava sendo contraída uma dívida na rede bancária – disse.
O ex-secretário do partido afirmou que não sabe mais o que é verdade e o que não é nas declarações que deu a jornalista Soraya Aggege, do jornal O Globo.
– Eu não sei mais o que é verdadeiro do que eu falei – declarou.
Silvinho ainda esclareceu que não participou da coordenação da campanha do presidente Lula em 2002. Ele lembrou que só assumiu a secretaria-geral do partido em maio de 2004.
O ex-secretário-geral do PT disse que não se lembra do que falou sobre o caso Celso Daniel, mas confirmou que a repórter perguntou se ele sabia de algo sobre o caso. Ele autorizou a repórter a divulgar a gravação da entrevista na íntegra, para que as declarações divulgadas pudessem ser confirmadas.
Ele afirmou que não acredita que Soraya tenha distorcido de alguma maneira suas palavras na entrevista publicada no último domingo. Ele só negou ter declarado à repórter que todo o conteúdo estava fiel ao que foi dito por ele, pois, segundo Silvio Pereira, ele não terminou de ler a entrevista na ocasião.
No depoimento, Silvinho ainda negou uma nota lida pelo relator da CPI dos Bingos, Garibaldi Filho (PMDB-RN), divulgada no site da Agência Estado, informando que o secretário de finanças do PT, Paulo Ferreira, o teria procurado hoje, a pedido do governo federal. A última conversa entre os dois teria sido mantida meses antes, por telefone.
Ao presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), Silvio Pereira revelou que preferiu não se hospedar no quarto reservado pela comissão parlamentar de inquérito no Hotel Nacional para ficar na casa de amigos porque se sentia mais protegido. Durante a reunião da CPI, o depoente disse algumas vezes que não havia sofrido ameaças e que não se sentia ameaçado.
No início do depoimento, Silvinho se negou a assinar o termo de compromisso de falar a verdade em qualquer circunstância. Ele alegou que um habeas corpus concedido pelo STF em agosto de 2005 ainda está em vigor. Efraim Morais leu a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que indeferiu ontem o pedido da defesa do ex-secretário-geral do PT para não depor na CPI.
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