| 11/05/2006 14h44min
O comissário de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária europeu, o belga Louis Michel, advertiu hoje que a nacionalização dos recursos e as políticas protecionistas "não regulam" os problemas econômicos dos países desfavorecidos, e podem acabar agravando os mesmos.
– O risco do populismo é grande, pois pode levar a graves erros econômicos que os pobres acabam pagando – disse Michel em declarações antes de comparecer diante dos ministros de Exteriores da UE, América Latina e Caribe, na cúpula que começa hoje, em Viena.
Michel considerou que o problema de fundo que atinge os países latino-americanos e caribenhos é a persistência de fortes desigualdades sociais.
– Trata-se de países que conseguem crescimento econômico, mas que têm problemas para distribuir a riqueza que geram – disse.
Na opinião do comissário, este cenário favoreceu "a emergência de certas correntes populistas ou populares", em referência implícita aos governos da Venezuela ou da Bolívia, pois "a desesperança cria uma tentação extrema de se entregar ao máximo simplista e extremo".
Michel, responsável pelo orçamento que a União Européia destina à cooperação com os países em desenvolvimento, disse que não tem razões "para suspeitar que as pessoas que acabam de chegar ao poder não serão políticos corretos ou de boa fé". Mas advertiu que as "soluções simplistas" podem acabar aprofundando os problemas que pretendem combater.
– Ninguém pode imaginar, no mundo globalizado, que as nacionalizações regulem os problemas. A história mostra que o protecionismo ou o capitalismo de Estado leva ao agravamento da pobreza e, às vezes, não só não amplia as liberdades, mas as reduz.
A cúpula de Viena acontece em um clima de inquietação, devido ao decreto boliviano que nacionaliza os hidrocarbonetos, e de incerteza por causa da saída da Venezuela da Comunidade Andina de Nações (CAN), que deixou no ar o projeto de negociação de livre-comércio entre a UE e este bloco.
No âmbito de luta contra a pobreza, Michel considera prioritário que os países em desenvolvimento "modernizem seu sistema fiscal", de modo que os cidadãos que obtêm mais vantagem do crescimento contribuam em maior medida ao financiamento do Estado.
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