| 24/05/2006 07h00min
Ele é tricampeão italiano, vale R$ 100 milhões e esnobou uma proposta do Real Madrid sem pestanejar. A breve descrição poderia ser de um dos badalados jogadores que formam o quarteto mágico da Seleção, mas é do pelotense Emerson Ferreira da Rosa, 30 anos, aquele que passou os últimos oito anos tendo de provar com títulos e elogios vindos do Exterior que não é um brucutu.
Carlos Alberto Parreira percebeu isso antes e devolveu a vaga de titular ao volante revelado pelo Grêmio. Emerson seria o capitão de Luiz Felipe Scolari no Penta não fosse a lesão no ombro às vésperas da estréia na Ásia - o jogador atuava como goleiro em um rachão.
– Mãe, eu estou bem – disse o filho quando foi cortado, em junho de 2002, sempre disfarçando os problemas para não preocupar a família.
Tem sido assim nos últimos anos. Dona Tereza, a mãe, sofre mais com as críticas da imprensa do centro do país do que o próprio filho. Pelo menos é o que parece. Enquanto ela, seu Aloísio e o irmão Edson buscam explicações para a implicância ao futebol do volante da Juventus, o jogador não está nem aí. Quando fica tenso, prefere uma partida de futebol no videogame:
– Diz ele que ganha do Ronaldinho e do Robinho - conta Augusto, amigo antigo e padrinho de Karolayne, oito anos, a filha do primeiro casamento de Emerson.
Atualmente solteiro, o volante tem uma vida social bem menos agitada do que os companheiros de Seleção. Gosta de se vestir bem e é vaidoso, mas não parece uma vitrine das grifes européias. Aprecia os bons restaurantes e estranhou a mudança da capital Roma para Turim, mas não é tema das revistas de fofoca. Apesar de não fazer questão de aparecer, chama a atenção pelas opiniões firmes. Quando era constantemente mandado para o banco para a entrada de Renato na Seleção, deixou clara a insatisfação. Repetiu a atitude ao perceber que a Roma queria negociá-lo com o Real Madrid e sentenciou: "não quero ser um galáctico".
– Nunca tive problema em dizer o que eu penso – garantiu em entrevista a ZH na época em que recuperou sua posição no meio-campo do Brasil.
A perseverança que reconquistou Parreira não surpreende dona Tereza. Emerson tinha dentes de leite quando, no caminho para o treino de futsal em Pelotas, dizia para a mãe que seria um grande jogador. Tinha no irmão sete anos mais velho e também atleta uma escola de sobrevivência no mundo do futebol. Chegou bem mais longe do que poderia imaginar.
– Parece que ele precisa fazer tanto quanto o Ronaldinho para ser reconhecido – diz, resignada, a mãe do brucutu de R$ 100 milhões.
DANIELLA PERETTI/ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.