| 07/06/2006 22h17min
Vinte e oito dos 32 adolescentes levados ontem à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) por envolvimento no episódio de invasão e depredação de dependências da Câmara dos Deputados foram ouvidos hoje no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF). Os depoimentos, na Promotoria de Defesa da Infância e do Adolescente, duraram três horas e foram colhidos individualmente por três promotores. Nenhum dos envolvidos assumiu culpa, segundo o promotor Anderson Pereira de Andrade.
– Alguns choraram durante o depoimento. Eram poucos os mais velhos e politizados, a maior parte era formada por adolescentes com pouca vivência, que se assustaram bastante com a detenção, com a noite dormida no serviço SOS Criança – comentou.
O promotor informou que os adolescentes disseram ter vindo a Brasília para passear, conhecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fazer passeata e visitar o Congresso. Eles moram em acampamentos do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os quatro adolescentes que não prestaram depoimento poderão ser intimados a comparecer ao Ministério Público, segundo Andrade.
– Eles estão sendo processados na Vara da Infância e Juventude. Como não compareceram à oitiva marcada para hoje, poderá ser expedida uma condução coercitiva. Os depoimentos são necessários para identificar a conduta individual, porque não se pode penalizar a multidão que estava lá – esclareceu.
De acordo com o titular da DCA, José Adão Rezende, os adolescentes não foram presos, mas apenas conduzidos à delegacia para prestar o primeiro depoimento e fazer as identificações policiais. Em seguida, 27 deles seguiram para o Centro de Abrigamento Reencontro (Cear), em Taguatinga (cidade satélite de Brasília), porque os pais ou responsáveis não foram buscá-los.
– Os pais não deveriam em hipótese nenhuma levar menores para a manifestação. Observei que havia crianças de colo, com frio e com fome, até tarde aqui na delegacia. Alguns moradores da redondeza trouxeram agasalhos, cobertores e comida para as crianças. Toda essa situação foi provocada por uma atitude impensada dos pais – afirmou o delegado, acrescentando que somente depois da análise das imagens gravadas pelo circuito interno de televisão da Câmara poderá ser determinado o envolvimento de cada um dos adolescentes.
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