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 | 07/06/2006 21h15min

Gravação comprova que invasão da Câmara foi premeditada

Fita mostra reunião em que foi planejada a invasão

Uma gravação de vídeo apreendida com um dos 507 invasores da Câmara, na tarde desta terça-feira, não deixa dúvidas de que a ação do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) foi premeditada, organizada e ensaiada em detalhes. O "alvo principal" dos manifestantes foi o salão Verde da Câmara, que eles, em alguns momentos, chamam de "salão de festa". Eles avisam que pretendem "pôr em cheque a segurança do Congresso" e um dos organizadores diz que se trata de um "processo de guerra".

O material, no entanto, não deixa claro se as cenas de violência e vandalismo também estavam previstas ou se a situação fugiu ao controle dos organizadores do movimento. A ação deixou um saldo de 60 feridos e prejuízos materiais de R$ 102 mil ao patrimônio público, em um primeiro levantamento.

A fita de vídeo, gravada na noite da última segunda-feira em formato mini-DV, registra a reunião em que foi planejada a invasão e inclui imagens internas e externas do Congresso, feitas nos dias anteriores. Um dos líderes, identificado como Antonio José Arruti Baqueiro, orienta cerca de 60 pessoas, reunidas no auditório da sede nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) em Brasília.

Durante a reunião, os detalhes da ação para o dia seguinte são repassados e os manifestantes prevêem que poderia ocorrer algum tipo de violência. Um dos mais radicais avisa que pode ser necessário "dar umas bolachas, uns pontapés". E um outro chama a atenção para o fato de que "para cada ação há uma reação".

Baqueiro, visivelmente diferente dos outros na forma de se vestir e falar, afirma que a "companheirada" ali reunida foi "escolhida a dedo pela coordenação do movimento em seus estados, porque são pessoas da mais alta confiança, capazes de cumprir a tarefa e com coragem para dar conta do recado."

O líder avisa: ou eles aceitam a tarefa ou estão fora. Segundo essa liderança do MLST, muitos deles já têm experiência nesse tipo de ação, pois participaram da invasão da sede do Ministério da Fazenda, ocorrida em abril do ano passado.

– Vamos mostrar para o Brasil a reforma agrária que queremos. Essa corja do PFL e PSDB retardou a votação do orçamento, achando que iria prejudicar o Lula. Mas Lula não está nem aí, continua com 63% nas pesquisas – afirma Baqueiro, na gravação.

AGÊNCIA CÂMARA
 
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