| 28/06/2002 13h51min
O megainvestidor George Soros apresentou plano de salvação internacional para tirar o Brasil da crise. A proposta envolveria os quatro maiores bancos centrais do mundo, que ajudariam o Brasil a renegociar sua dívida externa a juros menores. Para George Soros, a crise brasileira afetará todo o mundo se não for contida a tempo.
A disparada do dólar já fez a dívida pública atingir em maio o maior nível desde 1991, quando as estatísticas passaram a seguir a atual metodologia. O endividamento do governo chegou a R$ 708,4 bilhões, o equivalente a 56% do Produto Interno Bruto (PIB). É a segunda vez neste ano que a dívida bate o recorde histórico. A primeira foi em janeiro, quando chegou a representar 55,2%. A terceira deve ocorrer neste mês. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, a premanência do dólar na casa dos R$ 2,80 deve elevar a relação dívida/PIB para 58%.
O aumento do endividamento do setor público é uma das razões do nervosismo do mercado. Quanto maior a dívida, maiores as dúvidas em relação à capacidade do governo de pagá-la em dia. A principal conseqüência é a alta do dólar, que por sua vez provoca aumento da dívida, o que realimenta a desconfiança dos investidores. Cerca de 40% da dívida líquida do setor público (União, Estados, municípios e estatais) é corrigida pelo câmbio. Entre abril e maio, o dólar subiu 6,75%. No período, a dívida passou de R$ 684,6 bilhões para R$ 708,4 bilhões – só o dólar foi responsável por R$ 20,6 bilhões dessa alta.
O aumento causado pela desvalorização do real foi quase seis vezes superior ao esforço fiscal do setor público que, de janeiro a maio, teve superávit de R$ 23,5 bilhões. Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu seu primeiro mandato, em janeiro de 1995, a dívida líquida do setor público era de R$ 153,2 bilhões – 30,4% do PIB. Desde então, cresceu R$ 555,3 bilhões, graças às elevadas taxas de juros, ao dólar e ao reconhecimento de dívidas antigas – os “esqueletos”.
Os mercados de câmbio e de juros fecharam a quinta-feira com alívio, num movimento de recuperação após o impacto da véspera, causado pelo escândalo da operadora norte-americana de telefonia WorldCom.
Nesta quinta-feira, o mercado de juros foi influenciado pelo afrouxamento da meta de inflação para o ano que vem. Em vez de 3,25%, o alvo passou a ser de 4%, com margem de erro de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Antes, era de dois pontos percentuais. Alguns analistas, porém, não vêem muito espaço para recuo das cotações do dólar.
A meta de inflação para 2003 subiu de 3,25% para 4%, e o intervalo de variação para mais ou para menos subiu de dois para 2,5 pontos percentuais. Com isso, o teto para a inflação do ano que vem subiu de 5,25% para 6,5%. Para 2004, a meta foi fixada em 3,75%, com oscilação de 2,5 pontos.
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