| 23/06/2006 07h52min
Ronaldo, enfim, desencantou. Depois de duas fracas atuações nas vitórias sobre Croácia e Austrália, o atacante marcou dois gols e foi o destaque da goleada sobre o Japão, por 4 a 1, no encerramento da primeira fase da Copa. Assim, ele entra embalado nas oitavas-de-final, quando o Brasil enfrentará Gana, na terça-feira, novamente em Dortmund.
A preparação de Ronaldo para a Copa na Alemanha foi conturbada. Recuperando-se de contusão muscular, ele chegou à seleção fora de forma, depois de ficar quase 2 meses sem jogar no Real Madrid. Aí, enfrentou bolhas no pé, um dia com febre, polêmica com o presidente Lula, luta para perder peso e até um misterioso mal-estar que o levou a um hospital para exames médicos.
Com tudo isso, Ronaldo começou mal a Copa. Contra a Croácia, esteve apático. E no jogo com a Austrália, melhorou um pouco, mas ainda ficou longe do ideal - em ambos os casos, acabou substituído por Robinho no segundo tempo. Já na partida com o Japão, na quinta-feira, ele agüentou os 90 minutos, marcou 2 gols e foi eleito pela Fifa como o melhor em campo.
– Cheguei abaixo do nível físico dos meus companheiros. Tive que ralar muito e ainda tenho muita coisa para melhorar –admitiu Ronaldo, aliviado com a performance contra o Japão - afinal, ele corria sério risco de ir para o banco de reservas.
– Estou muito contente com a minha atuação e a vitória do Brasil. Os gols dão tranqüilidade.
Apesar das críticas e da pressão por mudanças, Parreira apostou na recuperação de Ronaldo.
– Ele é especial, um jogador para os grandes momentos. Não começou bem a competição, mas está crescendo de produção. Nós sempre acreditamos nele – explicou o treinador da seleção, ciente de que seu principal atacante finalmente “entrou” na Copa.
– Foi importante ele ter feito os dois gols. Agora, chegamos com confiança nas oitavas-de-final.
A performance contra o Japão rendeu confiança e também um recorde para Ronaldo. Ele chegou aos 14 gols na história das Copas, superando Pelé (12) e o francês Just Fontaine (13) e se igualando ao alemão Gerd Müller como o maior artilheiro de todos os tempos.
– Isso é um objetivo, mas nunca foi o principal – afirmou o atacante brasileiro, que tem o jogo com Gana para se isolar na liderança desse ranking.
Esta é a 4ª Copa de Ronaldo. Em 94, ele não entrou em campo. Depois, fez 4 gols em 98 e mais 8 em 2002, quando terminou como artilheiro. Agora, após os 2 contra o Japão, volta a brigar pela artilharia - por enquanto, o melhor é o alemão Klose, que marcou 4 vezes na primeira fase do Mundial da Alemanha.
Astro do futebol mundial desde muito jovem, Ronaldo já está acostumado às pressões e mostrou isso nesta Copa. Com o apoio de Parreira e dos jogadores da seleção, deu a volta por cima. Corria o risco de ir para reserva, mas agora está garantido entre os titulares, tentando colocar seu nome mais uma vez na história.
– Não tem que ter euforia na hora em que está dando tudo certo e também não tem que se desesperar quando as coisas não vão bem – disse Ronaldo, consciente de que agora, a partir do mata-mata, a Copa do Mundo começa de verdade.
– Estou progredindo dentro daquilo que a comissão técnica planejou para mim. Vamos continuar o caminho rumo ao hexa.
Nesta sexta-feira, Ronaldo e todos os jogadores da seleção brasileira estão de folga.
– Vamos descansar para chegar bem ao próximo jogo – avisou o atacante. Mas no sábado eles já voltam os treinos na cidade de Bergisch Gladbach (região de Colônia), quando o Brasil começa a se preparar para enfrentar Gana, pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo da Alemanha.
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