| 01/08/2006 07h34min
A normalidade é a tônica em Cuba, apesar da notícia sobre a operação de Fidel Castro, que obrigou o governante a delegar poderes provisoriamente a seu irmão Raúl pela primeira vez após cerca de meio século no poder.
A tranqüilidade nas ruas de Havana contrasta com a alegria e as manifestações na rua que em Miami, promovidas por grupos de exilados quando receberam a notícia.
Pouca gente nas ruas, moradores jogando dominó nas portas de suas casas e tudo normal. Foram assim as primeiras horas da madrugada na capital da ilha.
– Ainda é muito cedo. Teremos que esperar o amanhecer para saber se haverá alguma reação da população – analisava um diplomata ocidental.
Os cubanos souberam da notícia no começo da noite através de um comunicado, aparentemente escrito pelo próprio Castro, e lido por seu chefe de escritório, Carlos Valenciaga.
O texto, assinado por Castro, informava que tinha sofrido uma operação por uma crise aguda com hemorragia, que exigia o seu repouso durante várias semanas. Por isso, delegava suas funções a seu irmão Raúl, seu sucessor legal.
Alguns segundos depois, as linhas de telefone da ilha estavam congestionadas devido aos telefonemas entre cubanos de dentro e de fora do país, comentando a notícia.
Os canais da TV cubana, que repetiram várias vezes a leitura do comunicado, retomaram depois sua programação normal e transmitiram a telenovela prevista para o horário. As redes de rádio mantêm também sua programação, mas repetem o comunicado periodicamente.
– Foi uma surpresa. Vi o Comandante dia 26 de julho e ele estava bem – comentava um morador do bairro de Vedado após ouvir a notícia. Ele se referia aos discursos de Castro no Dia da Rebeldia Nacional.
– Agora o importante é saber como ele está, o que aconteceu exatamente – dizia outro habitante da capital.
O anúncio surpreendeu também diplomatas, empresários e jornalistas estrangeiros.
– O pior já passou e é possível que haja boletins médicos para informar a população nos próximos dias – disse um funcionário cubano próximo a Fidel Castro.
Mas as autoridades cubanas não anunciaram se apresentarão relatórios médicos periódicos sobre a evolução do quadro do presidente.
Os cubanos nunca tinham visto Fidel Castro delegar poderes. O líder dizia ter uma saúde de ferro e está prestes a completar 80 anos. Nem o desmaio que sofreu durante um ato público nos arredores de Havana, em 2001, nem o tombo que causou graves lesões num braço e numa perna, em outubro de 2004, tinham obrigado o líder a se afastar temporariamente de suas funções políticas.
Nas duas ocasiões, o próprio dirigente se encarregou de informar à população sobre sua evolução e de oferecer os detalhes médicos.
Desta vez, porém, o líder cubano pediu a suspensão das festas programadas para 13 de agosto, dia em que completa 80 anos. A comemoração foi adiada para 2 de agosto, junto com a comemoração dos 50 anos do desembarque do iate Granma, que marcou o início da luta revolucionária.
Castro não disse se assistirá à Cúpula dos Não-Alinhados, que será realizada em Havana entre os dias 11 e 17 de setembro. Mas, consciente de sua possível ausência, pediu que o Estado dê toda a atenção ao evento.
AGÊNCIA EFEGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.