O Fundo Monetário Internacional (FMI) dará apoio a qualquer candidato que vencer as eleições, desde que ele dê continuidade ao programa econômico que está em vigor. A afirmação foi feita pela vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, durante entrevista coletiva concedida no final da tarde desta terça-feira, dia 27, depois de encontro com o presidente Fernando Henrique. Krueger disse que a instituição está pronta para trabalhar com o atual governo ou com qualquer outro que venha a ser eleito em outubro.

Anne Krueger deixou em aberto a possibilidade de, caso necessário, o Fundo discutir um programa de contingência para o Brasil. Ela negou, porém, que tenha vindo ao Brasil para tratar de um acordo de transição, como tem sido especulado na última semana.

– Essa discussão não depende só de eu estar aqui. Eu não vim aqui por algum motivo específico e nem para acertar este programa.

A número dois do Fundo afirmou que não conhece a fundo as propostas dos candidatos à sucessão de FH, mas disse saber que "parece haver alguma inconsistência nas propostas de alguns". Krueger admitiu que nas conversas que teve com autoridades brasileiras falou-se sobre "várias possibilidades" em termos de um acordo de transição, mas nada específico. Ela conversou com o presidente Fernando Henrique, depois ter se reunido, separadamente, com os ministros Pedro Malan, da Fazenda, e Sérgio Amaral, do Desenvolvimento.

Krueger elogiou o desempenho do Brasil e atribuiu os resultados, que qualificou como positivos, à seriedade da equipe econômica brasileira. Questionada sobre a diferença de tratamento dado pelo Fundo à Argentina e ao Brasil, Krueger disse que o FMI diferencia os países, conforme o desempenho de suas economias.

No encontro com Krueger, Amaral fez duras críticas às medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos, principais acionistas do FMI, que, segundo ele, impedem o Brasil de ter melhores resultados na pauta de exportações.

Krueger estará nesta quarta-feira em São Paulo, onde participa de encontro da Sociedade de Econometria da América Latina, na Fundação Getúlio Vargas, e tem agendada conversa com o presidente da Federação da Indústria paulista, Horácio Lafer Piva.