| 03/08/2002 16h31min
É grande a expectativa em relação ao conteúdo da bagagem que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O’Neill, trará na sua visita ao Brasil. O secretário chega ao Rio neste domingo, dia 4. Na sexta-feira, dia 2, a confirmação de que O’Neill falará com autoridades do governo brasileiro contribuiu para manter a cotação do dólar comercial sob controle, a R$ 3,01, depois de ser negociado por R$ 3,47 na quarta-feira, dia 31.
Apesar de as autoridades brasileiras terem antecipado esforços para não gerar expectativas com o desembarque do secretário norte-americano, o mercado não abandona a idéia de que a visita renderá informações decisivas sobre o acordo com as instituições financeiras internacionais. O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega afirma que não está descartada a hipótese de o Brasil receber um crédito adicional do G-7, grupo que reúne os países mais industrializados. Seria, de acordo com Mailson, um aporte adicional feito pelas nações ricas, por meio do Tesouro norte-americano e do Banco das Compensações Internacionais (BIS). Ainda não está definido o valor do novo financiamento do FMI.
– Nunca uma missão brasileira de negociação de financiamento fora recebida na Casa Branca como agora – observa Mailson.
Um dos diretores da consultoria Tendências, Mailson vê nesse fato uma clara mudança no interesse do governo norte-americano em relação aos problemas brasileiros. Ele acredita que o presidente George W. Bush está convencido de que uma política de “lavar as mãos”, como foi feito no caso argentino, poderia agravar a crise brasileira e colocar em risco o desempenho de seus aliados nas eleições parlamentares de outubro nos Estado Unidos.
Se não fizer cadeiras suficientes, Bush pode ter ameaçada a sua reeleição, explica Mailson. O ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, acredita que “não seria apropriado” um anúncio durante a viagem de O‘Neill porque o acordo está sendo negociado em Washington com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e não com o governo dos EUA. Mas, na sua avaliação, o tom favorável ao Brasil adotado nos últimos dias, e as mais recentes declarações de O’Neill, mostram um apoio importante e expressivo.
– Parece-me que vai além da retórica e que isso será demonstrado.
Segundo o ministro da Casa Civil, o que o governo espera da visita de O’Neill ao Brasil, domingo e segunda-feira, é “uma confirmação dessa posição”. Conforme o ministro da Casa Civil, O’Neill deverá se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso na segunda-feira, provavelmente pela manhã, em Brasília. Antes, no domingo, no Rio, participará de jantar com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, além de Parente. O ministro afirmou que não haverá mágoas com relação às declarações que O’Neill fez sobre o Brasil e que causaram profundo mal-estar em Brasília:
– O secretário já procurou esclarecer suas posições e eu acho que quando a gente está falando da relação entre países, isso naturalmente tem que ser colocado num plano que não tem lugar para mágoas e ressentimentos – disse Parente.
Na quinta-feira, dia 1º, O’Neill voltou atrás de suas declarações e afirmou que os Estados Unidos mantêm-se favoráveis a que os organismos multilaterais de crédito dêem apoio financeiro ao Brasil.
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