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 | 04/08/2002 23h25min

Secretário do Tesouro dos EUA se reúne com FH nesta segunda

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, chegou ao Brasil neste domingo para uma visita de três dias, durante os quais deverá marcar o ritmo e a direção de cada movimento do mercado financeiro no país. Há exatamente uma semana, uma declaração de O'Neill deflagrou um incidente diplomático entre Brasil e EUA e desatou o pânico que fez a cotação do dólar fechar em R$ 3,47 na quarta-feira passada.

O'Neill desembarcou na Base Aérea do Galeão protegido por um esquema de segurança similar ao destinado a chefes de Estado. Seu primeiro compromisso foi um jantar de boas-vindas oferecido pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga e pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan. Nesta segunda-feira, dia 5 de agosto, em Brasília, será recebido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Negociadores brasileiros e técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) trabalham para anunciar até o final desta semana o novo acordo de empréstimo, cujo valor oscilaria entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões, conforme especulações do mercado.

O apoio dos EUA, que tem O'Neill como principal autoridade econômica, é essencial para o sucesso das negociações. Além da urgência em acalmar o mercado frenético, os técnicos correm contra o relógio porque os funcionários do Fundo entram em recesso na outra semana. Depois de insinuar, no final de semana passado, que a ajuda financeira para países da América do Sul poderiam parar em "contas bancárias na Suíça", O'Neill disse quinta-feira ser favorável à concessão de ajuda ao Brasil. Não chegou a detalhar, porém, que tipo de ajuda o país deveria receber.

Ao chegar ao hotel Marriot, na praia de Copacabana, o secretário do Tesouro e seu pequeno grupo de assessores foram recebidos por pouco mais de uma dezena de manifestantes que carregavam bandeiras do PSTU e gritavam frases como "fora já, fora já daqui/ o FHC e o FMI" e "fora Alca". Houve confusão com a segurança do hotel, que queria que os participantes do protesto deixassem o local antes da saída de O'Neill para o jantar com Malan e Armínio.

Depois de passar por Brasília e São Paulo, O'Neill segue para Uruguai e Argentina, numa tentativa de provar que o governo Bush não negligencia a América do Sul. A ajuda ao Uruguai foi aprovada, mas Brasil e Argentina continuam esperando. O'Neill disse que não pretende trazer mais dinheiro na viagem e analistas afirmam que as expectativas nesse sentido são baixas. Conforme informações dos primeiros contatos da equipe negociadora do Brasil com os técnicos do FMI, o acordo se estenderia até 2003 – já sob o novo governo, portanto. Para driblar a recusa dos candidatos de oposição de se comprometer com os termos da negociação, o acerto teria duas etapas: uma em 2002 e outra em 2003, cada uma com seus compromissos e desembolsos de empréstimos. O programa para o ano que vem ficaria pendente de confirmação por parte do futuro presidente.

 
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