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 | 09/08/2002 13h52min

Governo culpa empresas por aumento dos combustíveis

O governo argentino disse nesta sexta-feira, dia 9, que não é responsável pela decisão das empresas petrolíferas do país de aumentar o preço dos combustíveis, um dia depois do Ministério da Economia ter anunciado uma elevação do imposto sobre o produto.

– Ninguém deve se fazer de culpado. São as empresas que aumentam (os preços) da gasolina e isto deve ficar absolutamente claro – disse a jornalistas o chefe do Gabinete de Ministros, Alfredo Atanasof.

O ministro explicou que as empresas têm a opção de absorver o aumento dos impostos e não transferi-lo para os preços ao consumidor. O preço dos combustíveis subiram cerca de 65 por cento desde janeiro, quando o presidente Eduardo Duhalde decidiu desvalorizar a moeda local, que por mais de uma década ficou atrelada ao dólar em uma paridade um para um.

O Imposto sobre a Transferência de Combustíveis, valor que o governo elevou na quinta-feira, dia 8, em 25%, não é uma porcentagem do preço de venda, mas sim um montante fixo. O aumento no preço dos combustíveis reduz o peso percentual do imposto sobre a tarifa.

– O custo (do imposto nos preços) antes do aumento destes meses (no preço dos combustíveis) era superior a 40%. Com este aumento (no imposto, a incidência percentual do imposto) é de um pouco mais de 30% – explicou Atanasof. – Isto quer dizer que o governo está recuperando parte dessa porcentagem. E também quero dizer que isto não afeta o diesel porque (este) é um meio muito importante para a produção – acrescentou.

Antes da desvalorização da moeda, um litro de gasolina premium custava cerca de um peso – ou US$ 1. Atualmente o preço é de 1,80 peso, mas este valor equivale a US$ 0,49, já que o peso está cotado atualmente a 3,63 unidades por dólar no mercado atacadista. As principais empresas petrolíferas que operam no país são Repsol, Shell, e Esso – filial argentina da norte-americana Exxon .

O governo aumentou os impostos sobre os combustíveis para ganhar recurso em um momento que busca estabilizar suas contas públicas para poder negociar um novo acordo de crédito com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que permita ao país superar a pior crise econômica de sua história. Mesmo não havendo metas acordadas, o governo se comprometeu a alcançar um superávit primário de cerca de um por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Atanasof destacou que parte dos recursos gerados pelo aumento dos impostos dos combustíveis serão destinados a ajuda social.

– Esta contribuição vai ser muito importante para poder acompanhar o processo de financiamento dos programas sociais, tanto dos desempregados ou excluídos, quanto de distribuição de comida – disse.

Uma de cada cinco pessoas em condições de trabalhar na Argentina está desempregada e mais da metade da população vive na pobreza. O governo tomou a decisão de aumentar os impostos dos combustíveis em um momento político difícil, já que desde a desvalorização da moeda local em janeiro os preços varejistas aumentaram 34,7%. As informações são da agência Reuters.  

Saiba mais sobre a crise argentina.

 
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