Desde a realização do primeiro debate dos presidenciáveis na TV Bandeirantes, no dia 4, os candidatos José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) elegeram-se mutuamente como alvos preferenciais. Ciro questionou Serra sobre o destino do dinheiro obtido com as privatizações promovidas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Foi o tucano, porém, quem assumiu a ofensiva, ao afirmar que o candidato do PPS teria mentido ao dizer que o salário mínimo no período em que ocupou o Ministério da Fazenda, em 1994, era de US$ 100. Ciro não conseguiu sustentar a afirmação e lançou uma longa nota no dia seguinte tentando provar que o poder de compra do mínimo na época era equivalente a US$ 100. Ao longo da semana, o site do tucano na Internet afirmou que o ex-governador do Ceará não havia renegociado a dívida do Estado antes de deixar o governo, em 1994.

Outras afirmações do candidato do PPS, como a de que sempre teria freqüentado escolas públicas e a de que teria se reconciliado com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) no velório do filho deste, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL), também foram desmentidas. O mais recente mote de Serra contra Ciro é a ambigüidade adotada pelo candidato do PPS diante do acordo do Brasil com o FMI.

Na sexta-feira, o tucano responsabilizou o adversário pela alta do dólar verificada ao longo do dia, dizendo que ele “é louco por dólar” e nunca “pensa em real”. A estratégia de confronto com Ciro não é unanimidade entre os tucanos. Os mais pessimistas acham que o confronto pode lhes tirar a possibilidade de negociar melhor uma alternativa para o caso de Serra não chegar ao segundo turno.

Ciro garimpa os escorregões de Serra. Já identificou problemas com o apoio ao Plano Real e a autoria do seguro-desemprego. O candidato do PPS percebeu que, se Serra não conseguir reagir até o início do horário gratuito em rádio e TV, no dia 20, perderá apoiadores – e a campanha do PPS será a principal beneficiária do colapso.