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 | 11/09/2006 21h28min

Inquérito da PF diz que tese de defesa de Palocci é pouco provável

Ex-ministro negou envolvimento em divulgação de dados sigilosos de caseiro

O inquérito da Polícia Federal com as conclusões sobre a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, sugere que a tese da defesa do ex-ministro Antônio Palocci é pouco provável. Segundo o documento, entregue nesta segunda-feira à Justiça Federal, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o ex-assessor de imprensa, o jornalista Marcelo Netto, serviram como instrumento ao ex-ministro.

Em seus depoimentos à PF, Palocci e Netto negaram qualquer envolvimento na divulgação dos dados sigilosos do caseiro. Matosso teria alegado que foi sua a iniciativa de pesquisar na Caixa para saber se o caseiro tinha conta no banco e apenas repassou os dados a Palocci.

Nos depoimentos, Marcelo Netto se reservou no direito de permanecer em silêncio, duas vezes, respondendo sem compromisso apenas algumas perguntas, sem o compromisso de falar a verdade ou de não omiti-la. Seu indiciamento foi mantido, pois não respondeu à pergunta se foi sua a iniciativa de revelar os extratos bancários de Francenildo.

Mas para a PF, “em termos de investigação, de formação profissional policial, de lógica comum e de bom senso”, a causalidade apontada pelos acusados é pouco provável. De acordo com o inquérito, Mattoso não tinha nenhum motivo pessoal para tal pesquisa e Marcelo Netto, como profissional da área de comunicação, era a pessoa mais indicada para propagar na imprensa informações privilegiadas obtidas por intermédio de Mattoso.

No inquérito entregue à 10ª Vara Federal, em Brasília, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes mantém o indiciamento do ex-ministro em quatro crimes: quebra de sigilos funcional e bancário, prevaricação e denunciação caluniosa, que podem ser punidos com até 15 anos de prisão. Mattoso foi indiciado por quebra de sigilo bancário e funcional.

O sigilo bancário de Francenildo foi quebrado ilegalmente após seu depoimento na CPI dos Bingos, onde disse que o ex-ministro fez visitas à casa alugada por ex-assessores seus na prefeitura de Ribeirão Preto, acusados de envolvimento com o valerioduto.

A Justiça autorizou na semana passada a quebra do sigilo telefônico da residência oficial do ex-ministro, em Brasília, no período em que ele foi acusado de comandar a quebra do sigilo bancário do caseiro. Com a quebra do sigilo de Palocci, a PF teve acesso às ligações feitas pelo então ministro na semana em que o sigilo do caseiro foi quebrado.

AGÊNCIA O GLOBO
 
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