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 | 22/09/2006 12h36min

Afinal, por que o dossiê Cuiabá valia R$ 1,7 milhão?

Dinheiro que Valdebran carregava viraria pacote contra o tucano José Serra

O que você faria se tivesse R$1,7 milhão em mãos? Compraria carro, casa, investiria nos estudos, em viagens? Ou compraria uma fita de vídeo, um DVD, seis fotos e documentos? Nas mãos do empreiteiro e petista Valdebran Carlos Padilha da Silva, o montante seria trocado pela última opção.

O dinheiro que Valdebran carregava quando foi preso pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira em São Paulo seria transformado em um pacote contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. O dossiê seria entregue por Paulo Roberto Dalcol Trevisan, tio de Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam e chefe da máfia das sanguessugas. As imagens e os documentos, na avaliação do PT, ligariam Serra - que lidera as pesquisas ao governo paulista - ao esquema. O complemento viria por meio de uma entrevista dada por Vedoin e seu pai, Darci, à revista IstoÉ.

Os Vedoin ainda ligam mais um nome à máfia: trata-se de Abel Pereira, empresário da construção Civil de Piracicaba, cidade que tem como prefeito Barjas Negri, que substituiu Serra no ministério em 2002. Pereira seria o responsável pela liberação de recursos no período de Barjas, que era secretário executivo do ministério de Serra.

O DVD de 23 minutos e 44 segundos mostra Serra em um evento de 2001, no galpão da Planam, em Cuiabá, no qual foram entregues a prefeituras de Mato Grosso ambulâncias. Veículos comprados com dinheiro do ministério, por meio de emendas ao Orçamento da União encaminhadas por deputados da bancada do PSDB da época. Entre eles Pedro Henry (PP-MT) e Ricarte de Freitas (PTB-MT) - ambos acusados de pertencer à máfia das sanguessugas.

Na solenidade subiram ao palco Serra, Henry, Ricarte e o deputado Lino Rossi (PP-MT), apontado como campeão no recebimento de propina pela máfia dos sanguessugas.

- É a primeira vez que vejo uma bancada de deputados fazer isso no Brasil, porque são investimentos relativamente modestos e que têm produtividade muito alta e atinge muitos municípios - disse o então ministro, em entrevista contida no DVD.

Geraldo Alckmin, candidato à Presidência e na época governador de São Paulo, aparece em fotos, cumprimentando uma pessoa. Segundo a PF, é Sinomar Camargo, ligado a Vedoin. O dossiê era o ingrediente para ligar Alckmin e Serra à máfia das sanguessugas. Para tanto, os petistas pagariam R$ 1,7 milhão.

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