| 22/09/2006 15h50min
O ex-assessor da campanha do presidente Lula à reeleição, Jorge Lorenzetti, afirmou nesta tarde, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente nacional do PT e ex-chefe da campanha, Ricardo Berzoini, não sabia da negociação do Dossiê Cuiabá com a revista Época. Foi o que informou o advogado de Lorenzetti, Aldo de Campos Costa. Lorenzetti é suspeito de envolvimento em um tentativa de compra de documentos que ligariam os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin com a máfia dos sanguessugas, que superfaturava a compra de ambulâncias com a ajuda de emendas parlamentares.
– Berzoini não conhecia a negociação com a Época, porque não houve negociação. A notícia era de que existia uma pauta de interesse do partido e que isso seria encaminhado – disse o advogado.
Berzoini deixou a coordenação de campanha de Lula nesta semana com a divulgação pela revista Época de que Lorenzetti e Osvaldo Bargas, ligados a Berzoini, teriam procurado a revista para divulgar o dossiê.
Ainda segundo o advogado, Lorenzetti também teria afirmado que o empresário Valdebran Carlos Padilha da Silva foi quem teve a iniciativa de negociar o dossiê com a família Vedoin, acusada de comandar o esquema dos sanguessugas.
Costa disse que em seu depoimento à Polícia Federal, Lorenzetti afirmou que Valdebran se ofereceu para tratar do material.
– A iniciativa partiu toda do senhor Valdebran. Ele se ofereceu. Nunca houve contato entre o meu cliente (Lorenzetti) e o Valdebran – afirmou o advogado.
Segundo Costa, Lorenzetti estava interessado no dossiê, mas defendia que o acesso ao material fosse de graça:
– Desde o primeiro momento, o meu cliente repudiou veementemente a negociação de dinheiro. A participação dele foi a busca dessas informações e a checagem da autenticidade.
O advogado informou ainda que Lorenzetti assegurou à PF que Osvaldo Bargas, ex-chefe de gabinete do Ministério do Trabalho, e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, foram solicitados mais de uma vez para checar a autenticidade do conteúdo do dossiê. Segundo Costa, eles também mantiveram contato com a família Vedoin para verificar a possibilidade de acesso e divulgação do material.
Valdebran foi preso na última sexta, na companhia do advogado e ex-policial federal Gedimar Pereira Passos. Os dois portavam R$ 1,7 milhão, que supostamente seria utilizado na compra do dossiê. Quem venderia o material era Paulo Roberto Dalcol Trevisan, tio do empresário Luiz Antônio Vedoin.
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