| 22/09/2006 19h28min
O dossiê dos Vedoin que supostamente seria vendido ao PT ainda não foi apreendido pela Polícia Federal. A PF afirma que o dossiê original tem duas mil páginas e envolve outros partidos, inclusive o PT.
– O dossiê apreendido é um petisco. Tinha partido de A a Z. Não sou eu que estou dizendo isso. São as palavras de Gedimar e do próprio Valdebran. O dossiê envolvia todos os partidos políticos. Gedimar disse em depoimento que o dossiê estava envolvendo todos os partidos e o PT. Em nenhum momento, o senhor Gedimar disse do PSBD – disse o delegado Edmilson Bruno, responsável pelas prisões de Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha, há oito dias, em um hotel paulistano.
O minidossiê apreendido até agora trata principalmente das supostas ligações dos ex-ministros da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso José Serra e Barjas Negri. O dossiê completo, no entanto, segundo os depoimentos de Gedimar e Valdebran, teria sido visto por "analistas do PT", na terça-feira antes das prisões, ocorridas na sexta-feira passada.
Segundo o delegado Bruno, os presos afirmaram em depoimento que a venda seria feita por R$ 2 milhões. Foi apreendido R$ 1,7 milhão. Parte do dinheiro foi encontrada no quarto de Gedimar, personagem considerado "surpresa" pelo delegado.
– A determinação era encontrar no hotel o Valdebran com R$ 1 milhão. Mas o Valdebran disse, no final, que o resto do dinheiro estava com Gedimar, no quarto ao lado – conta Bruno.
Foi Gedimar que recebeu em seu quarto um homem conhecido pela polícia apenas como André, que levou o dinheiro ao hotel. André fez duas viagens com dinheiro, da qual uma parte saiu do Rio. Em uma, foi em um táxi e na outra, subiu até o quarto de Gedimar para entregar o dinheiro. A polícia ainda procura André e não sabe se ele é de São Paulo ou do Rio. Desconfia que ele seja um doleiro, mas não descarta a possibilidade de ser um homem ligado ao PT.
Valdebran seria o homem ligado diretamente aos Vedoin para negociar com o PT enquanto Gedimar seria o representante dos interessados petistas. Em seu depoimento, Valdebran implica diretamente o ex-diretor do BESC (Banco do Estado de Santa Catarina) e ex-dirigente da CUT, Jorge Lorenzetti. Ele conta que falou duas vezes com um homem chamado "Jorge", que a polícia concluiu ser Lorenzetti.
– Chegamos a acreditar que eram nomes falsos, mas foram se confirmando. Eles disseram que o chefe era Jorge e que Freud (Freud Godoy) era quem comandava a compra de São Paulo – afirma o delegado.
O delegado contou como foi feita a prisão dos dois. Os policiais seguiram para o Hotel Íbis, em São Paulo, com a ordem de prisão de Valdebran, que estava hospedado ali, e de apreensão de R$ 1 milhão. Ficaram em campana na porta do quarto de Valdebran, que estava com a placa de "não perturbe", até a madrugada. Bateram à porta e foram atendidos por Valdebran, que não resistiu à prisão.
– Primeiro, ele disse que só tinha R$ 300 mil. Eu disse que sabia que era R$ 1 milhão. Por fim, contou que R$ 700 mil no cofre. Só um tempo depois acabou confessando que o resto do dinheiro estava no quarto ao lado. Nem sabíamos que havia um Gedimar.
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