| 03/10/2006 23h10min
O empresário Valdebran Padilha confirmou em depoimento na Polícia Federal nesta terça-feira que a mala que aparece nas imagens do circuito interno de televisão do hotel, sendo carregada pelo ex-coordenador da campanha do senador Aloízio Mercadante ao governo paulista, Hamilton Lacerda, é a mesma na qual Gedimar Passos, recebeu o dinheiro. A informação foi dada depois do depoimento de Valdebran pelo advogado dele, Luiz Antonio Lourenço.
Valdebran e Gedimar foram presos em um hotel de São Paulo com R$1,7 milhão, que seriam entregue ao empresário Luiz Antonio Vedoin, acusado de chefiar a máfia das ambulâncias, em troca do dossiê contra políticos tucanos. Vedoin e seu pai, Darci, ainda estão prestando depoimento na PF.
A versão de Valdebran desmente a que foi apresentada por Lacerda na PF em São Paulo. O ex-assessor de Mercadante havia dito que não levou dinheiro aos encontros que teve com Gedimar no hotel.
– Ele confirmou que a mala que aparece na foto com o Hamilton era a mala do dinheiro que estava com Gedimar – afirmou Lourenço.
O advogado negou, no entanto, que Valdebran conhecesse Lacerda. Segundo ele, o empresário foi ao hotel apenas para fiscalizar a entrega do dinheiro a pedido de Vedoin. Valdebran, de acordo com o advogado, disse ter recebido de Gedimar a parte do dinheiro que foi apreendido com ele. O advogado negou ainda que seu cliente tenha proposto ao PT ou à família Vedoin a negociação do dossiê.
– Não foi ele quem ofereceu ao PT o dossiê. Já estava combinado – disse Lourenço.
Segundo o advogado, Gedimar mostrou a mala com o dinheiro a Valdebran, na tarde do dia 14, porque seu cliente já estava impaciente e queria ir embora, pois não poderia ficar esperando pela negociação entre os Vedoin e o PT.
A versão de Valdebran é diferente da apresentada pelo ex-chefe do serviço de inteligência do PT, Jorge Lorenzetti e da apresenta pelo empresário Luiz Antonio Vedoin. Pela versão do primeiro, Valdebran teria oferecido ao PT a oportunidade de comprar documentos que supostamente comprometeriam os tucanos. Já Vedoin, em depoimento à PF, disse que Valdebran apresentou o negócio com o dossiê como oportunidade de lhe pagar uma dívida que tinha com a sua empresa.
– Isso, ele (Vedoin) é quem vai ter de explicar – desafiou Lourenço.
Os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da Planam, estão sendo ouvidos na sede da Superintendência da PF em Cuiabá. Eles estão sendo interrogados por quatro delegados que fazem parte da força-tarefa montada pela PF para cuidar das investigações da máfia dos sanguessugas.
Até o fim da semana, os Vedoin devem ser ouvidos em 33 inquéritos contra parlamentares. Na semana passada, eles já haviam sido ouvidos em outros 24 inquéritos contra deputados e senadores. O empresário Ronildo Medeiros, sócio dos Vedoin, deve ser ouvido também nesta semana em 30 inquéritos.
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