| 10/10/2006 09h40min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à reeleição, partiu para o ataque e afirmou que a única coisa que o PSDB aprendeu a fazer no país foi "vender empresas estatais". Ele classificou o comportamento do seu adversário, Geraldo Alckmin, no debate de domingo, de "pequenez", em entrevista concedida à Rádio Bandeirantes, nesta terça-feira. O tucano havia sugerido a venda do avião presidencial – o "Aerolula" – para a construção de hospitais. Lula disse que o partido não deveria ter candidato a nada, e que "só sabe vender coisas".
– A única coisa que ele sabe fazer é vender coisas. Essa é uma cultura do PSDB. Não devia ser candidato a nada, a não ser a uma empresa de vender empresas estatais. A única coisa que eles aprenderam a fazer no país foi de vender empresas estatais e, com o dinheiro, pagar dívidas que eles mesmos contraíram.
O tema dominante da entrevista foi mesmo o debate de domingo.
– Eu disse ontem que fiquei triste com o debate. Já debati com Maluf, com Collor, Ciro, Serra, Garotinho. Imaginei que houvesse maior substância no debate. Fico irritado pela pequenez. Acho que demonstra o despreparo e a falta de visão dele. Acho pequenez falar em vender o avião – afirmou o presidente.
Lula lembrou que o "sucatão", avião presidencial anterior, deixou de ser usado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso três anos antes de terminar o mandato. – Como um cidadão vem dizer que um país do tamanho do Brasil não pode ter avião? Só um maluco acha que pode viajar de avião de carreira. O avião que nós tínhamos tinha o apelido de sucatão e o presidente dele deixou de usar três anos antes de acabar o mandato. Era uma vergonha. Somente quem não tem uma dimensão da política internacional pode falar isso. A gente era multado em todos os aeroportos do mundo que a gente chegava. O sucatão ficava sobrevoando, esperando alguém dar autorização para a gente pousar – protestou. Durante a entrevista, Lula citou ainda a reforma do Palácio da Alvorada, realizada durante seu mandato, com uma "vaquinha" da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base). – O presidente FH tentou fazer a reforma várias vezes. Mas toda vez que ele tentava, aparecia alguém e dizia: 'vai gastar tantos milhões, dá para fazer tantas casinhas'. Ficava com medo e não fazia. Tomei a decisão da seguinte maneira: isso aqui é um patrimônio público, não é um patrimônio meu. Isso aqui tem que funcionar. Lula defendeu uma mudança radical na política brasileira. Segundo ele, o atual sistema está "apodrecido".– A política brasileira precisa passar por um processo de transformação muito sério. A reforma política é peça principal. O erro não é de uma pessoa, de um partido, é de um sistema que está apodrecido. É preciso mudar radicalmente a política brasileira.
O presidente também voltou a condenar o episódio da compra do dossiê contra tucanos.
– Se existe uma pessoa que foi prejudicada com isso, fui eu, não foram meus adversários. Quero saber quem arquitetou isso. Me parece que algumas pessoas só querem saber da fotografia do dinheiro. Se tem um brasileiro hoje que tem interesse em saber, sou eu. (...) Eu estava numa campanha muito tranqüila, com todas as possibilidades de matar a campanha no primeiro turno. Olhava no horizonte e não tinha uma única nuvem. Era céu de brigadeiro. E, de repente, acontece uma coisa abominável dessas. Outra coincidência, foi depois que terminou o horário eleitoral gratuito, quando não tem nem como falar para a opinião pública.
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