Desde o começo do Brasileirão, o foco no Figueirense é a luta por uma vaga na Libertadores da América. É por este objetivo que o clube trabalha, a torcida sonha e a imprensa projeta. Mas a nove rodadas do fim do campeonato e analisando friamente os números, é mais lícito supor que a próxima temporada reserva apenas uma Copa Sul-Americana para o alvinegro.

A fórmula por pontos corridos transforma a disputa em uma espécie de rali de regularidade. Pelo que se tem verificado nas edições anteriores da Série A, raramente uma equipe muda de bloco na reta final da competição.

Claro que existem exceções. Em 2005, o próprio Figueira foi um exemplo disto, escapando da queda à Série B mesmo após passar boa parte do ano na zona de rebaixamento. Já o Fluminense deixou a vaga na Libertadores escapar entre os dedos nas últimas rodadas. Mas esta não é regra. Para a maioria, ficar todo o tempo na zona de rebaixamento significa descenso e permanecer entre os classificados para a Libertadores representa vaga no torneio continental.

Posto isto, analisemos o desempenho do time de Florianópolis no atual Brasileirão. Das 29 rodadas disputadas, o alvinegro esteve dentro da área de classificação para Sul-Americana, entre o quinto e o 11º lugar, em 27 oportunidades. É um número expressivo: representa 93% do tempo total de sua caminhada no campeonato. Em apenas duas rodadas, ambas no início, quando a tabela ainda está se "ajeitando", seu destino para o ano que vem seria diferente. Na segunda, quando foi vice-líder; e na quarta, quando ocupou o 12º posto.

É a realidade alvinegra: segundo o estatístico Marcelo Leme de Arruda, do Chance de Gol, o Figueira tem 84,8% de possibilidade de ir à Sul-Americana, e apenas 11,3% de ir à Libertadores. Pelas projeções atuais, seria necessário somar uns 62 pontos para alcançar a principal competição entre clubes do continente. O Figueira tem 43, precisa somar 19 nos 27 que ainda disputa.

Isto representa, em um cenário hipotético, vencer seus quatro compromissos em casa (São Paulo, Juventude, Corinthians e Vasco) e conquistar mais duas vitórias e um empate em uma das cinco partidas fora (Santos, Grêmio, São Caetano, Flamengo e Atlético-PR).

O Furacão do Estreito está a seis pontos de distância do Santos, que estaria levando a última vaga no momento (como o Internacional está entre os quatro primeiros e já tem vaga na próxima edição por ser o atual campeão da Libertadores, o quinto no Brasileirão vai se classificando no momento).

Mas além da pontuação, o Figueira também precisa tirar a diferença nos outros critérios de desempate: tem três vitórias a menos (14 a 11) e 13 gols a menos de saldo (19 a 6).

Em uma análise sóbria, fica claro que os representantes brasileiros na Libertadores de 2007 estão quase definidos. Estas são as chances de cada um dos ponteiros, pela ordem: São Paulo (99,95%), Grêmio (93,9%), Santos (84,0%) e Paraná (77%)

MAURICIO XAVIER, DIÁRIO CATARINENSE