| 27/08/2002 23h13min
O segundo dia de negociações da cúpula de desenvolvimento sustentável de Johannesburgo teve como centro a agricultura nesta terça-feira, 27 de agosto. As discussões giraram em torno da questão dos subsídios dos países industrializados, os quais os países em vias de desenvolvimento desejam eliminar progressivamente.
Os países do Norte concedem seis vezes mais subsídios a sua agricultura do que a ajuda pública ao desenvolvimento (US$ 311 e 55 bilhões em 2001, respectivamente). Além disso, os países do Sul acusam o Norte de bloquear seu crescimento econômico ao arruinar seus agricultores, que se vêem incapazes de exportar seus produtos ou vendê-los no interior do país devido à existência de mercadorias importadas a preços menores graças aos subsídios.
– Se realmente se quiser concretizar a vontade política de erradicar a pobreza, é preciso dar acesso aos produtos agrícolas de nossos países. Os subsídios e as barreiras alfandegárias aos produtos dos países em vias de desenvolvimento são um obstáculo terrível para nossa agricultura que cria uma grande desigualdade. O Norte não pode romper as regras do jogo – disse ministra venezuelana do Meio Ambiente, Ana Elisa Osorio.
Segundo a União Européia (UE), a agricultura será "um dos temas mais difíceis da reunião de Johannesburgo". O bloco europeu confirmará os compromissos que assumiu na Organização Mundial do Comércio (OMC) em Doha (Qatar) em novembro passado, mas não avançará em suas metas. Os Estados Unidos também aumentaram os subsídios aos produtores e parecem mais dispostos a dar um passo adiante.
Em novembro passado, os países industrializados acertaram um calendário de negociações nos próximos três anos, após os quais não se sabe se vai haver resultados, com vistas a melhorar o acesso aos produtos do Sul aos mercados do Norte, reduzir os subsídios à exportação com vistas à sua eliminação e diminuir progressivamente a ajuda interna.
O grupo dos 77 (países em vias de desenvolvimento) deseja que os países industrializados reduzam ou eliminem progressivamente os subsídios "que prejudicam o ambiente e criam distorções no comércio ou são capazes de criá-las". A frase, que deveria estar incluída no plano de ação de Johannesburgo, provocou nesta terça as mais calorosas discussões entre as delegações oficiais.
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