| 22/11/2006 15h27min
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), anunciou nesta quarta-feira que o partido tem interesse em fazer parte do governo. Ele reunirá a Executiva e o Conselho Político do partido na próxima semana, para selar o apoio a Lula. Depois de duas horas de reunião com o presidente, Temer disse que Lula afirmou que quer o partido responsável por "políticas públicas", mas que não foi tratado de cargos e ministérios que o partido poderá ocupar no próximo governo.
– Não conversamos sobre cargos e ministérios. Se for conseqüência de um projeto, o chamamento do PMDB poderá resultar em cargos e ministérios. O que o PMDB não aceita é ser apodado de fisiológico, que troca apoio por cargos – disse Temer depois da reunião.
No encontro, Lula entregou ao PMDB uma "agenda mínima de coalizão" de sete itens, que incluem reforma política, reforma tributária e política econômica, tributária e fiscal com o comprometimento de crescimento mínimo de 5% nos próximos quatro anos. O presidente se comprometeu ainda em consolidar as políticas de transferência de renda e examinar caso a caso a situação fiscal dos Estados.
Governadores eleitos em outubro defendem a renegociação da dívida, entre eles o peemedebista André Puccinelli (MS). O sétimo item da agenda é a criação do conselho político, composto por partidos da coalizão, para acompanhar as ações do governo.
– O presidente convidou o partido para uma conversa que ele insistententemente chamou de coalizão política com o PMDB. Ele ressaltou a importância do PMDB para o governo e insistiu na responsabilidade do PMDB com a governabilidade – disse Michel Temer, acrescentando que o partido teve a "satisfação de receber um projeto para o país".
A reunião foi dividida em duas partes. Nos primeiros 30 minutos, Lula conversou com Temer, acompanhado do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Depois se juntaram ao grupo o ex-governador Orestes Quércia e os deputados Henrique Eduardo Alves (RN), Moreira Franco (RJ), Tadeu Filippelli (DF).
No encontro, Temer informou o presidente da decisão de seis senadores do PMDB de não apoiar o governo. São eles os recém-eleitos Jarbas Vaconcelos (PE) e Joaquim Roriz (DF), além de Geraldo Mesquita (AC), Mão Santa (PI), Almeida Lima (SE) e Garibaldi Alves (RN). Segundo Temer, no entanto, a totalidade dos governadores peemedebistas é favorável à coalizão. Temer disse que vai ouvir todas as instâncias do partido antes de fechar o apoio com o governo para evitar "equívocos como aquele do primeiro mandato", em que setores do partido apoiavam o governo e o resto fazia oposição. Na disputa presidencial deste ano, Temer apoiou o tucano Geraldo Alckmin, enquanto José Sarney e Renan Calheiros estavam com Lula.
A criação do bloco pode ser um duro revés para o governo Lula e um risco para a reeleição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Nesta quinta-feira, o presidente deverá ter um encontro com um grupo de governadores aliados com o objetivo de difinir uma pauta de reformas para o próximo ano. A idéia do grupo é aproveitar o capital político acumulado por Lula no segundo turno das eleições presidenciais para pôr em discussão as reformas política, tributária e até mesmo a da Previdência, que não é consenso no núcleo do governo. Está sendo analisada, inclusive, a possibilidade de ser feita uma carta desse grupo de governadores em defesa de pontos políticos e econômicos como desenvolvimento, crescimento e governabilidade.
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