| 13/09/2002 17h44min
O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu em debate com cerca de 400 militares nesta sexta-feira, 13 de setembro, elementos que parecem ter agradado à platéia: o planejamento estratégico de governo, o nacionalismo e o papel constitucional das Forças Armadas, que não prevê participação na segurança pública.
– O Brasil não poderá dar certo se não for pensado estrategicamente e não for planejado – disse Lula, que atendeu a convite da Fundação de Altos Estudos de Política e Estratégia, vinculada à Escola Superior de Guerra (ESG).
O presidenciável voltou a elogiar o planejamento realizado, segundo ele, nos governos Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek e no regime militar. Mas neste último caso destacou o que chamou de "paradoxo'': crescimento econômico com endurecimento político.
Como exemplo da atual falta de planejamento, citou a crise energética que atingiu o país e levou ao racionamento entre junho de 2001 e março. Além disso, criticou como foram feitas as privatizações.
Durante uma hora e meia, Lula fez uma explanação de seu programa, com ênfase no crescimento econômico e na geração de empregos, e em seguida respondeu a quase 20 perguntas da platéia. Ainda no hotel Glória, almoçou com os militares.
Ao defender o interesse nacional e "o que puder ser feito para dar independência ao país'', Lula voltou a falar na importância do papel do Estado.
– Sou defensor de um Estado forte, socialmente justo e não empresarial, mas planejador e alavancador do desenvolvimento.
O petista arrancou aplausos da platéia quando repetiu seu bordão sobre a Área de Livre Comércio das Américas:
– A Alca, do jeito que está, não é integração, é anexação.
Elas foram repetidas ao expressar seu desejo de ver o Brasil ser respeitado "quando for forte economicamente, tecnologicamente e militarmente''.
Bem à vontade, Lula aproveitou o ambiente para defender a importância das Forças Armadas e a necessidade de dar condições para que elas cumpram adequadamente seu papel.
– As Forças Armadas têm papel bem definido na Constituição, não necessariamente para guerra, pode ser para a paz. A atividade-fim é a defesa e para isso tem que estar preparada. Mas não adianta ter soldado, general, ter o canhão, a bala e não ter a pólvora. Precisa estar bem equipada e com seus soldados comendo três refeições ao dia.
E acrescentou ser contra seu uso na segurança pública.
– Não é esta a finalidade das Forças Armadas.
Foi a primeira vez que Lula falou à ESG como candidato a presidente. Já havia ido ao local para conversa em 1987.
– O motivo da reunião é fundamentalmente conhecer as propostas para política externa, defesa nacional e Forças Armadas dos presidenciáveis – explicou na apresentação o presidente da fundação, general Leônidas Pires Gonçalves Alves, ministro do Exército no governo José Sarney (1985-1990).
A fundação terá encontros ainda este mês com os três outros principais candidatos à Presidência.
O petista estava acompanhado do deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, de Antonio Palocci, coordenador do programa de governo, do senador Saturnino Braga (PT-RJ) e do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Lula com Leônidas Pires Gonçalves Alves, ex-ministro do Exército, em debate na ESG
Foto:
Sergio Moraes
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Reuters
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