| 16/12/2006 16h58min
O secretário geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ercílio Bezerra, disse que "indignação" é a palavra mais correta para o aumento dos vencimentos de deputados e senadores. Na última quinta, eles elevaram seus salários para R$ 24,5 mil, um reajuste de 90,7%.
– Foi um canetaço, uma certidão negativa e uma brecha para que os Executivos municipais sigam o mesmo caminho – disse hoje Bezerra em entrevista, pontuando que a medida foi
concedida de forma complacente pelos presidentes da Câmara e do Senado.
Segundo ele, o reajuste aprovado esta semana significa uma correção salarial de mais de 200%, considerando os três últimos aumentos nos salários dos parlamentares.
– A única opção que vemos no momento é estimular a pressão popular, a movimentação dos segmentos organizados para tentar barrar esse abuso. É o caminho que temos para tentar evitar mais esse malefício que o Parlamento promove contra a sociedade brasileira, numa mostra de que perdeu o senso do limite – afirmou Bezerra, acrescentando que a OAB deve tomar providências contra o reajuste:
– Porque não é admissível que uma classe receba um aumento exagerado como esse, um salário estratosférico, principalmente quando se vê a vergonha que foi o trabalho dessa última legislatura, desse parlamento, em meio a denúncias de sanguessugas e da existência de mensalão.
Para o advogado, os parlamentares aproveitaram-se deste momento, que reúne os festejos de fim de ano e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro, e da "pouca memória do povo brasileiro" para aprovar o aumento salarial.
– Tentou colocar isso aí (o reajuste), sabendo que em fevereiro temos novos parlamentares, novas posses, enfim, para que isso caia no esquecimento. E nós esperamos que a sociedade brasileira saiba dizer um não a tudo isso – concluiu.
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