O dólar avançava pelo segundo dia consecutivo e mantinha-se acima de R$ 3,90 nesta quinta-feira, dia 10, com investidores frustrados após um discurso do presidente do Banco Central e incertos sobre a rolagem de uma expressiva dívida cambial no dia 17. A expectativa de parte do mercado era de que Armínio Fraga, ao convocar uma entrevista coletiva na véspera, anunciasse alguma medida para conter a escalada do dólar – o que não ocorreu.

Às 11h, a moeda norte-americana era vendida a R$ 3,930, com alta de 1,55%, apesar do relato de alguns operadores de que a autoridade monetária teria atuado com venda de dólares no mercado à vista logo na abertura dos negócios. A cotação sustentava-se próxima do recorde histórico de R$ 3,955 , atingido durante as transações do último dia 30.

– Eu acredito que essa alta seja em função da frustração de expectativas quanto ao discurso do Fraga ontem e principalmente pelo fato que o BC não anunciou nenhum edital de leilão para a rolagem da semana que vem, o que traz dúvida se vai tentar rolar o vencimento ou anunciar alguma medida – avaliou Alexandre Vasarhelyi, responsável pela área de câmbio do Banco ING.

Na quarta-feira, Fraga disse que "existe hoje um clima de medo de que não se vai prosseguir numa trajetória de responsabilidade e transparência fiscal'', ao referir-se sobre as incertezas eleitorais alardeadas pelo mercado para justificar a procura por dólar recentemente. Ele cobrou mais clareza dos candidatos à Presidência e disse ainda que há limitações à atuação do BC e do atual governo para combater o ''clima de medo'' no mercado.

Além disso, as dúvidas sobre a conclusão da rolagem de US$ 3,67 bilhões em títulos e swaps cambiais que vencem no dia 17 preocupam investidores. Em duas operações na tentativa de antecipar a substituição da dívida, o BC conseguiu rolar apenas 16%, ou cerca de US$ 600 milhões do total. Para Vasarhelyi, apesar da forte alta do dólar nesta manhã ''é possível que a moeda recue um pouco, à medida que o dólar deve chegar a um ponto de realização (de lucros)''.

– O dólar já está muito caro e o ponto de 4 reais é muito forte – disse ele.

As informações são da agência Reuters.