| 25/10/2002 22h43min
Pela primeira vez na história dos debates políticos no Brasil, quatro eleitores questionaram os candidatos à presidência da república Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) durante o primeiro bloco do último encontro realizado na TV Globo na noite desta sexta, dia 25. Ao entrarem na arena montada nos estúdios da emissora, os presidenciáveis foram fortemente apludidos pelos 50 convidados e pelo jornalista Willian Bonner, mediador do encontro.
Mesmo sem poderem fazer perguntas entre si, os dois candidatos à presidência trocaram olhares e procuraram ficar próximos um do outro enquanto se movimentavam pela arena, cercados pelos olhares atentos dos eleitores indecisos que participaram do encontro.
Por sorteio, José Serra (PSDB) foi o primeiro presidenciável a ser questionado. Também por sorteio, a professora pernambucana Adélia Maria de Oliveira Lima foi a primeira eleitora presente na arena a questionar o candidato tucano sobre o tema proposto: casa própria.
– Como um pai de família ganhando um salário mínimo vai comprar uma casa? – questinou a profesora.
O candidato tucano começou sua resposta olhando fixamente para a eleitora, esclarecendo que o problema do déficit habitacional deve ser sanado com subsídios federais alidados a recusos municipais, usando como fonte o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). No tempo que lhe coube para fazer considerações sobre os comentários de Serra, Lula lembrou que desde 1998 foram construídas 4,4 milhões de casas, sendo que apenas 700 mil com verbas do governo federal.
– O déficit habitacional no Brasil é superior a 6,5 milhões de casas – lamentou Lula.
No prosseguimento do programa, o mediador Willian Bonner chamou o farmacêutico-químico José Paulo Leite, do Rio de Janeiro, para dirigir sua questão ao candidato petista sobre o tema aposentadoria.
– No mundo inteiro um aposentado ganha um prêmio, no Brasil ele ganha um castigo – ironizou Lula, afirmando que num eventual governo do seu partido será criado um sistema de aposentadoria universal, tanto para o setor público como para o privado, sem esquecer os direitos aquiridos pelas pessoas.
O canditato tucano rebateu a argumentação de Lula, questionando o candidato petista se ele não sabia que "para pagar mais era preciso arrecadar mais". Lula desviou o olhar e sorrindo procurou se afastar de Serra.
Na metade do primeiro bloco do debate, Ernani de Souza Monteiro Filho foi o escolhido para se dirigir ao candidato Serra, agora, sobre a polêmica dos planos de saúde.
– Minha mãe tem 72 anos, é aposentada, recebe R$ 750. Como ela vai conseguir pagar um plano de saúde? – questinou o eleitor.
Durante sua resposta, Serra lembrou suas ações enquanto ministro da Saúde do atual governo, citando a criação da vacina contra gripe, dos genéricos e do mutirão de cirurgias.
– Ernani, 35 milhões de brasileiros têm plano de saúde. Eu como ministro coordenei uma lei que foi aprovada para evitar os abusos na vigência dos contratos – concluiu Serra, salientando que o mais importante neste processo é a vigilância.
No encerramento da primeira parte do debate, o tema proposto foi programa social, e coube a ao metalúrgico Leandro Oliveira Farias dirigir sua questão a Lula.
– Estamos confundindo programas sociais com esmolas – disse Lula, argumentando que apenas R$ 3,7 bilhões são utilizados pelo governo federal em ações sociais nos programas para erradicar a pobreza e no Bolsa-Escola. O candidato tucano divergiu de Lula, lembrando que R$ 28 bilhões são gastos somente nos programas de aposentadoria rural e seguro desemprego.
No estúdio estão presentes 50 convidados da TV Globo, e 15 participantes indicados por cada candidato. Os presidenciáveis estão acompanhados por 10 assessores, que têm à disposição uma sala reservada próxima ao estúdio, mas também podem se juntar aos que estão na platéia. A cada intervalo, apenas três assessores podem conversar com os seus candidatos.
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