| 28/10/2002 15h32min
– Por obra do povo brasileiro, cá estou eu, falando como presidente da República eleito.
Com quase duas horas de atraso, Luiz Inácio Lula da Silva repetiu nesta segunda, 28 de outubro, às 13h45min, o ato do último dia 7, dia seguinte ao encerramento da primeira etapa da disputa presidencial, e se misturou a figuras conhecidas do PT. Dessa vez, no entanto, o vice-presidente eleito José de Alencar, a governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, e o presidente do partido, José Dirceu, cederam espaço à esposa do petista, Marisa Letícia Lula da Silva. Agora, primeira-dama do país.
Lula precisou de cerca de 20 minutos para se pronunciar oficialmente pela primeira vez depois da vitória nas eleições. Ao ler o texto Compromisso com a Mudança, o presidente eleito elencou algumas das medidas iniciais a serem adotadas no início de 2003.
– Começar desde o primeiro dia de governo – anunciou Lula como forma de adquirir tempo para implantações de reformas.
Logo no dia 1º de janeiro de 2003, de acordo com o petista, a população brasileira assisitirá a uma política voltada ao combate à exclusão, à discriminação, ao desamparo. A Secretaria de Emergência Social assumirá o papel de acabar com a fome, assim que o novo presidente receber do atual, Fernando Henrique Cardoso, o direito de administrar o país. Lula diz se mostrar satisfeito se, ao cabo dos próximos quatro anos, conseguir ofertar três refeições diárias a cada brasileiro. Para o ex-torneiro mecânico, esse é o clamor social mais evidente no cenário nacional.
O "novo-Lula" defendeu como essencial os apoios do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial (Bird) para arquitetar uma das principais bandeiras do programa: o emprego. No governo, os recursos públicos, desde o início, serão investidos no setor da construção civil, alicerce, de acordo com o petista, para a retomada do crescimento sustentado. O novo governante máximo do país prometeu empenho pessoal ao encaminhamento das reformas trabalhista, tributária, previdênciária e agrária ao Congresso Nacional, cuja responsabilidade, segundo o próprio, é "imensa" para a reestruturação do Brasil.
O presidente eleito prometeu integrar a economia nacional aos negócios mundiais, incentivando acordos comerciais bilaterais. O governante "de todos os brasileiros", como se denomina, garantiu fortalecer as relações com a Organização das Nações Unidas (ONU), o Protocolo de Kyoto, o Tribunal Penal Internacional.
Depois de cobrar água do "protocolo" e de arrancar risos da platéia formada por mais de 450 jornalistas do Brasil e do mundo no Hotel Internacional, no bairro dos Jardins, em São Paulo, Lula prometeu mudanças sem supresas nem sobressaltos, unindo forças, formando um Conselho de Desenvolvimento Social. O novo presidente, otimista, convocou "a participação de todas as forças vivas" no governo:
– Sinto que um novo Brasil está nascendo.
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