A indicação do ex-governador do Rio Grande do Sul Antonio Britto para a presidência do Grêmio vem causando uma disputa interna no Conselheiro Deliberativo do Grêmio. O grupo contrário ao nome do ex-político argumenta que ele não tem experiência administrativa no futebol. Já seus defensores garantem que ele é um conselheiro atuante.

Nesta quinta, Britto foi indicado por Odone para assumir o Tricolor, liberando o atual presidente para comandar a Grêmio Empreendimentos, administrando a construção da arena. No mesmo dia, Sergio Ilha Moreira lançou sua candidatura, de oposição ao ex-governador.

Odone quer que seu amigo e ex-companheiro de partido seja aclamado presidente, como ele mesmo foi em outubro passado, em sua reeleição. Ainda na última quarta, quando decidiu que faria o convite ao ex-governador, Odone disse que não haveria eleições. Ele deu a declaração justamente ao ser questionado sobre a possibilidade de Moreira lançar sua candidatura, o que acabou acontecendo.

Assim, a discussão sobre quem sucederá Paulo Odone se tornou pública. Muitos conselheiros gremistas vêm se manifestando sobre a questão, contra ou a favor do nome do ex-governador.

O que dizem os opositores

Sergio Ilha Moreira é membro da atual gestão do Grêmio, e, "pelo menos até ontem", assessor de Paulo Odone. Sua candidatura foi lançada apenas porque Britto não faz parte da diretoria. Fosse indicado um dos vice-presidentes, ele apoiaria.

– Me surpreendi porque eu achava que, no momento da renúncia do presidente, a continuidade da sua gestão seria dada através de um companheiro de diretoria. Afinal, são quatro vice-presidentes, tem diretores, assessores, todos eles desempenhando o melhor e fazendo o máximo em benefício do clube – declarou Ilha Moreira.

O conselheiro confessou que há anos tem o desejo de se candidatar à presidência do Grêmio. A falta de tempo para compor uma chapa não é impedimento para Ilha Moreira, que pretende manter os membros da atual gestão.

– A diretoria do Grêmio é composta de um presidente e quatro vice-presidentes eleitos pelo Conselho e pela Assembléia. Os atuais vice-presidentes estão no pleno exercício do cargo – explicou.

André Krieger também se manifesta contra a aclamação de Britto. Ele admite que o ex-governador assuma a presidência tricolor, mas só depois de uma eleição.

– Não seria o caso de levarmos à apreciação da Assembléia Geral? Do nosso associado? Aliás, a prática democrática sempre foi e é bem-vinda. No meu entendimento este seria o momento – declarou.

O que dizem os apoiadores

Luiz Paulo Germano acredita que Britto tem todas as condições de presidir o Grêmio. Ele acredita que, apesar de não ser um conselheiro atuante nas sessões, o ex-governador tem trabalhado pelo seu clube.

– A exemplo de tantos conselheiros que nós temos, no nosso Conselho Deliberativo, ele não precisa estar presente em todas as seções para prestar um serviço significativo para o clube – argumentou Germano.

Dirigente do Grêmio em 2003, Saul Berdichevski também faz coro à escolha de Odone. Para ele, nada impede que qualquer conselheiro se torne o presidente do clube. Especialmente Britto, que, segundo ele, é especialista em futebol.

– Eu assistia a jogos com o Antônio Britto, no camarote do Grêmio, e para minha surpresa, ele se mostrava um grande conhecedor de futebol – contou, acrescentando mais qualidades no currículo do escolhido por Odone. – Ele tem muito conhecimento de administração, até por informação de amigos meus que tiveram vivência com ele em uma situação política.

Há também a turma do "deixa disso". Para César Pacheco, membro do Conselho Administrativo, não é momento de se discutir isto publicamente, mas sim confiar em Odone e permitir que Britto assuma seu posto.

– O presidente Paulo Odone tem muito crédito, pelo que ele fez pelo Grêmio – explicou, lamentando a repercussão de racha no conselho gremista. – O que o presidente está pensando em fazer é o que é melhor para o Grêmio. Nós, do Conselho de Administração, que participamos do dia-a-dia com o presidente Paulo Odone, acompanhamos seu pensamento.

RÁDIO GAÚCHA