| 14/11/2002 21h46min
A aceleração da inflação brasileira ainda não é grande fonte de preocupação para a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo técnicos que estão no país fazendo a primeira revisão do acordo de empréstimos selado em agosto. A inflação, pressionada pela desvalorização do real, vem disparando nos últimos meses, e já supera o teto da meta estipulada pelo governo para 2002, de 5,5%.
– Não estamos assustados com a inflação, achamos que é uma bolha cambial – disse o diretor-adjunto do departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Lorenzo Perez, depois de encontro com representantes do Banco Central nesta quinta, dia 14, no Rio de Janeiro.
O governo fixou para 2002 uma meta de inflação de 3,5%, com dois pontos percentuais de tolerância para cima e para baixo. Com o aumento do dólar, que este ano já acumula valorização de cerca de 60%, os preços internos começaram a subir, e o governo tem lutado para evitar que o efeito inercial da inflação seja repassado para o próximo ano.
Para 2003, a meta foi estipulada em 4%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais, mas o mercado aposta que o aumento de preços apurado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegue a 9%.
– Uma boa política a ser implementada pelo novo governo poderia conduzir a inflação a um patamar mais normal – acrescentou Perez.
Na pauta do encontro, com o presidente do BC, Armínio Fraga, e outros diretores, foram discutidas as políticas fiscal, monetária e fiscal do país. Perguntado se a alteração da meta de superávit primário do próximo ano estava em discussão, Perez disse:
– Vocês saberão o melhor sobre isso no memorando.
O memorando, com os detalhes desta primeira revisão do acordo para a ajuda financeira de US$ 30,4 bilhões de dólares, deverá ser divulgado somente após a conclusão. A missão do FMI retornou para Brasília para novas reuniões. Na próxima semana, os emissários do Fundo devem reunir-se com representantes da equipe de transição.
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