Em sua primeira reunião com os sete governadores eleitos do PSDB no Grande Hotel de Araxá (MG), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva aceitou a principal reivindicação dos tucanos: manter o fundo de compensação para ressarcir os Estados das perdas provocadas pela Lei Kandir. A lei desonerou do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) as exportações de produtos primários e manufaturados.

Depois de duas horas e meia de conversa, Lula saiu do encontro bastante animado. Em troca, os sete governadores se comprometeram a fazer "oposição responsável", e, num documento batizado informalmente de Carta de Araxá, garantiram que vão "colaborar com o presidente eleito" para a aprovação das reformas tributária, previdenciária, trabalhista e política.

– Em nenhum momento eu me senti numa reunião de governadores de oposição. Eu me senti numa reunião de amigos – disse o presidente eleito após reunião.

Lula disse que espera fazer parcerias com os tucanos durante os quatro anos de mandato. Mais: prometeu que em sua gestão eles serão tratados como "amigos", e não como adversários.

– A disputa eleitoral acabou e já brigamos o que tínhamos de brigar – avisou. Ele também comunicou ao grupo que quer concluir a votação da reforma tributária até o final do primeiro semestre de 2003 e que, para tanto, contará com a colaboração dos tucanos.

Os governadores Geraldo Alckmin (SP), Aécio Neves (MG), Lúcio Alcântara (CE), Cássio Cunha Lima (PB), Marconi Perillo (GO), Simão Jatene (PA) e Ivo Cassol (RO) disseram a Lula que vão recomendar às bancadas de seus Estados no Congresso que ajudem o governo do PT a manter sua arrecadação, prorrogando a alíquota de 27,5% do Imposto de Renda da Pessoa Física, que por lei cairia para 25% em 31 de dezembro.