O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a comentar a polêmica na qual se envolveu durante a reunião de cúpula Ibero-Americana de Santiago juntamente com o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e o rei Juan Carlos I.

Ao desembarcar em Caracas no domingo à noite, Chávez disse que viu mais tarde "as imagens do rei alterado" porque, segundo ele, não ter ouvido nem visto o soberano espanhol quando ele mandou se calar.

— Já me perguntaram por que não respondi. Eu não ouvi o que o rei disse — alegou Chávez, ressaltando que na hora estava olhando e falando com Zapatero.

— Havia barulho. Nem vi o rei, nem o ouvi — reiterou.

Chávez afirmou que depois contaram a ele que o soberano espanhol se enfureceu e estava "como um touro".

— Essa raiva do rei, essa fúria de Sua Majestade me surpreende... um homem tão maduro... que se supõe sábio — ironizou.

Presidente venezuelano espera que
ocorrido não atrapalhe as relações

Chávez, perguntou ao rei Juan Carlos da Espanha se ele sabia do golpe de Estado de 2002 na Venezuela, que, segundo ele, foi apoiado pelo governo espanhol de então, presidido por José María Aznar.

— Aquele governo espanhol apoiou o golpe na Venezuela abertamente. O embaixador espanhol, com o gringo, foi a aplaudir enquanto eu estava preso — disse Chávez, em declarações à imprensa.

O presidente venezuelano acrescentou que "agora" entendia a "fúria" do rei, que o mandou se calar na sessão de encerramento do encontro de chefes de Estado e do governo no sábado. Chávez se declarou convencido de que não tinha cometido erro algum — que o erro foi "deles".

— Temos 500 anos aqui, nunca nos calaremos — afirmou o líder venezuelano na porta do hotel onde se hospedou na capital chilena.

— Agora eu espero que isto não atrapalhe as relações, mas acho um desatino que venha um rei a gritar com um presidente, mandando calar a boca. Eu queria que as relações se mantivessem igual mas dependerá do governo espanhol — disse.

Chávez comentou que só queria "fazer uma referência" a Aznar e que não pretendia "incomodar" o rei ou ao atual governo da Espanha.