| 22/01/2008 17h34min
Enquanto tentavam entender o que significava a iniciativa americana de corte de juros, os analistas europeus ainda calculavam prejuízos da segunda-feira negra, quando as bolsas tiveram maior queda desde 11 de setembro de 2001. As principais empresas européias somaram perdas de 240 bilhões de euros na queda do valor de suas ações, segundo os cálculos preliminares da Bolsa de Valores de Londres.
O prejuízo foi o maior em seis anos. Hoje, o corte emergencial de 0,75 ponto percentual das taxas de juros nos Estados Unidos não foi suficiente para fazer com que as bolsas européias recuperassem totalmente as perdas sofridas ontem, mas pelo menos impediu novas quedas e os mercados terminaram em alta moderada.
Turbulência
A União Européia (UE) culpa o déficit americano pela turbulência nos mercados e garante que o risco de uma recessão na economia do bloco de 27 países está descartado. Hoje, os ministros das Finanças da UE se
reuniram em Bruxelas para tentar acalmar os
mercados. Mas deixaram claro que, por enquanto, o pacote americano não é suficiente para dar uma resposta à crise.
— Eles terão de explicar ainda como o dinheiro colocado no pacote será gasto. Tudo ainda é muito vago — afirmou Christine Lagarde, ministra de Finanças da França.
Falando à imprensa de toda a Europa após o encontro com os ministros, o Comissário de Assuntos Econômicos da UE, Joaquin Almunia, não hesitou em culpar o déficit fiscal e externo dos EUA pela crise e pediu ações por parte da Casa Branca.
— Essa é a causa principal da turbulência. Não é o único motivo, mas a causa básica. No ano passado, importantes desequilíbrios foram criados na economia americana. Por isso, como resposta, as autoridades devem adotar qualquer tipo de medida para reduzir esses déficits — disse o espanhol, rejeitando a noção de que seja uma recessão global. — Não é isso que estamos vendo. O que vemos é o risco de uma recessão americana. A questão é como isso
será evitada, o que acalmará tudo —
afirmou.
Hoje, o banco suíço UBS admitiu que já prevê uma recessão na economia americana para 2008. A UE, apesar de resistir, hoje foi obrigada a reconhecer que a recessão americana está chegando.
— Nos últimos meses, sempre descartamos uma recessão americana. Mas hoje não pode mais fazer isso — afirmou Jean Claude Junker, primeiro-ministro de Luxemburgo, embora, de uma forma quase ensaiada, os ministros europeus insistiram que o momento era de voltar à calma. — Não podemos reagir de forma exagerada. Os mercados fazem isso. Não os ministros. Não vejo risco de um colapso financeiro global — disse Junker.
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