| 27/01/2008 19h48min
Os pré-candidatos à presidência dos Estados Unidos se preparam para as batalhas cruciais no caminho rumo à Casa Branca, que poderiam tirar da incerteza a campanha mais disputada na história recente do país. No lado democrata, a vitória de sábado na Carolina do Sul deu força a Barack Obama e pode prejudicar Hillary Clinton.
Obama não só venceu em um estado do sul, especialmente importante para os democratas porque é considerado território inimigo, como o fez de forma contundente, ao receber o dobro dos votos obtidos pela ex-primeira-dama.
O senador de Illinois disse hoje em uma entrevista ao canal ABC que esses resultados são um bom presságio "não só sobre os eleitores do sul, mas de todo o país".
— Acho que as pessoas querem uma mudança — afirmou.
Ele superou, com isso, as duras críticas recebidas pela equipe da senadora, em muitos casos expressados pelo ex-presidente Bill Clinton, e reiterou sua intenção de fazer uma campanha
"positiva", sem ataques pessoais. A
ex-primeira-dama, que tinha vencido as duas eleições primárias prévias, em New Hampshire e Nevada, defendeu sua estratégia.
— Temos que comparar e diferenciar nosso histórico. É algo legítimo — disse hoje em entrevista à CBS.
Os dois medirão forças novamente em 5 de fevereiro, na Superterça, quando haverá primárias em 22 estados. Daqui em adiante a campanha democrata adquirirá um caráter mais nacional, pois os candidatos não terão que se concentrar em um estado específico, como até agora.
Obama, que tinha vencido nas primárias de Iowa, recebeu hoje um impulso na carreira eleitoral, ao contar com o apoio de uma importante dinastia política: os Kennedy. Caroline, a única filha viva do presidente John F. Kennedy, afirmou hoje em artigo de opinião no jornal The New York Times que Obama é o homem que pode unir e motivar os americanos como seu pai o fez.
O tio de Caroline, o influente senador Ted Kennedy, deve anunciar na
segunda-feira seu respaldo a Obama, segundo a imprensa
local. No lado republicano, reina a mesma incerteza que no democrata. Os pré-candidatos estavam todos hoje na Flórida, um estado com grande número de delegados e um papel-chave nas eleições presidenciais que realizará suas primárias na terça-feira.
As pesquisas indicam que o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney ganhou força nos últimos dias no estado e forçou um virtual empate com o senador do Arizona John McCain. Romney venceu as primárias de Michigan e Nevada, e McCain levou as de New Hampshire e Carolina do Sul. Enquanto isso, o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que quase não fez campanha nesses estados e se concentrou na Flórida desde o início, deve estar arrependido de sua estratégia, embora não reconheça isso publicamente.
Giuliani, que liderava as pesquisas em nível nacional há alguns meses, caiu nas intenções de voto em algumas enquetes, ficando em quarto na Flórida, atrás de Mike Huckabee, o ganhador das primárias republicanas de Iowa. A
pequena diferença entre Romney
e McCain levou a alguns embates, mas não tão ácidos como os protagonizados por Hillary e Obama.
McCain acusou seu principal rival de apoiar uma data para a saída das tropas americanas do Iraque, posição defendida pelos democratas.
— Ele sabe que é uma declaração enganosa — respondeu Romney hoje em entrevista à CNN.
— Nunca afirmei que vamos propor uma data para nos retirar do Iraque, mas o que ele não quer é falar de economia, porque, francamente, disse várias vezes que não entende como funciona a economia — afirmou.
Já McCain reiterou hoje em entrevista à rede NBC que em abril do ano passado Romney pediu "datas de saída, mas seriam secretas para não dizer ao inimigo quando sairiam. Isto é um fato".
— Se tivéssemos feito isso a Al Qaeda estaria comemorando uma vitória diante dos Estados Unidos da América — ressaltou McCain.
O senador de Illinois e pré-candidato democrata para a presidência dos Estados Unidos Barack Obama, junto de sua esposa Michelle Obama, comemora após ter sido declarado vencedor das primárias do partido democrata na Carolina do Sul
Foto:
Erik S. Lesser, EFE
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