| 10/02/2008 15h37min
A possibilidade de não se decidir quem será o candidato democrata à Casa Branca até a convenção do partido em agosto, obrigou os senadores Hillary Clinton e Barack Obama a focar suas atenções nos "superdelegados", um seleto grupo que poderá ter a última palavra. Os superdelegados são funcionários escolhidos ou designados pelo partido que têm assento e voto não comprometido na convenção onde se decide o candidato democrata e têm, portanto, a liberdade de votar em quem melhor lhes convenha.
Esta figura foi criada em 1982 com o objetivo de conferir maior autonomia aos "entendidos" do partido na hora de se decidir o candidato democrata que enfrentará o republicano nas eleições. Fazem parte deste seleto grupo os governadores, congressistas, ex-presidentes e outros funcionários e personalidades do partido.
Os candidatos disputam os votos de 796 superdelegados, e caso nem Obama nem Hillary se resolvam nas primárias e "caucus" conseguindo o voto dos 2.025 delegados necessários para a nomeação democrata, esta figura seria decisiva na Convenção de Denver em agosto. Neste contexto, os superdelegados já são objeto de intensas campanhas por parte dos dois senadores, segundo os diários New York Times e Washington Post.
— Todos fomos bombardeados com e-mails — disse Donna Brazile, membro do Comitê Nacional Democrata.
Tanto Obama como Hillary reservaram algumas horas por semana para ligarem para os superdelegados e têm feito tudo possível em suas campanhas para persuadi-los. O grupo que trabalha para Hillary decidiu ligar para os superdelegados por meio de amigos
cuidadosamente selecionados e também por meio de personalidades com nome,
como a ex-secretária de Estado Madeleine Albright. Também Bill Clinton — ele mesmo um superdelegado — e Chelsea Clinton têm se encarregado de ligar para esses delegados, segundo a imprensa.
Obama, por sua vez, conta com Tom Daschle, ex-líder da maioria no Senado, a governadora do Arizona, Janet Napolitano, e o senador John Kerry, que foi candidato democrata à Presidência nas eleições de 2004.
— Atualmente ambos estão tentando convencer os superdelegados que ainda não se decidiram — afirmou Mike Berman, que apóia Hillary e participou em 1984 da campanha de Walter Mondale, a última ocasião na qual os superdelegados representaram um papel decisivo.
Naquele momento, os superdelegados apoiaram amplamente a Mondale, o que o ajudou a tornar-se um candidato democrata em detrimento de Gary Hart, com o qual havia enfrentado um corpo a corpo nas primárias e "caucus" do partido.
Segundo o Washington Post, por enquanto
213 superdelegados se comprometeram com Hillary Clinton,
enquanto 139 estão do lado de Obama. Os dois pré-candidatos discordam sobre a figura dos superdelegados, pois o senador por Illinois considera que eles devem votar de acordo com os resultados das primárias e "caucus", enquanto Hillary defende que eles devem ser independentes.
— Eu acho que se ganhamos a maioria dos estados e delegados por decisão da maioria dos eleitores do país, seria problemático para os superdelegados mudar a decisão dos eleitores — assinalou Obama em Seattle (Washington).
— Se supõe que os superdelegados, por sua designação como tais, devem tomar sua decisão de maneira independente — afirmou Hillary discordando de seu rival em uma conferência no estado do Maine, onde se realizam hoje os "caucus" de seu partido.
10 de fevereiro: Senador por Illinois e pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, discursa em Richmond, na Virgínia. Obama ganhou as primárias democratas em Luisiana, Nebraska e Washington
Foto:
EFE
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