| 17/02/2008 14h17min
A província do Kosovo faz parte da Sérvia, uma das seis repúblicas que formavam a antiga República Federal da Iugoslávia — com Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Macedônia e Montenegro. O sociólogo Demétrio Magnoli, doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo, lembrou que no Kosovo os sérvios foram derrotados pelo Império Otomano (originário da atual Turquia) no século 14, na chamada batalha do Kosovo, que se tornaria um símbolo da resistência e do nacionalismo sérvios.
A desintegração da Iugoslávia no início dos anos 1990 resultou na eclosão de movimentos separatistas por todo o país e que levou à independência de bósnios, croatas, eslovenos e macedônios.
— A independência do Kosovo é a continuidade da desintegração dos Bálcãs segundo linhas étnicas — explicou.
Formado majoritariamente por uma população de origem albanesa, Kosovo tinha tentado proclamar sua independência da antiga Iugoslávia em 1990, quando a região teve sua
autonomia retirada pelo governo central
do ditador Slobodan Milosevic. Ao longo da década, tornaram-se freqüentes os choques entre rebeldes separatistas do Exército de Libertação do Kosovo (apoiados pela comunidade albanesa-kosovar) e forças iugoslavas, até que as partes foram forçadas a negociações, pelas principais potências.
No entanto, Milosevic negou-se a assinar um acordo e implementou uma política de limpeza étnica contra a população kosovar de origem albanesa, o que gerou centenas de milhares de refugiados. Com o fracasso das negociações, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) iniciou uma campanha militar contra a Iugoslávia e bombardeou o país por cerca de dois meses e meio.
Derrotado, o ditador iugoslavo teve de acatar as condições da Otan, entre as quais a retirada das forças iugoslavas de Kosovo e a manutenção de uma força internacional de paz na província, que passaria a ser administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU), embora se mantivesse sob soberania da Iugoslávia
(depois Sérvia e Montenegro
e, hoje, apenas Sérvia).
Em eleições realizadas a partir de 2004 e boicotadas pela minoria kosovar de origem sérvia, venceram partidos pró-independência, que desde então realizam os preparativos finais para a independência da província sérvia.
— Kosovo não existiria se não fosse a decisão da União Européia em apoiar a sua independência. E esta decisão é bastante problemática, porque o que se abre é uma 'caixa de Pandora', da qual sairão coisas imprevisíveis — disse Magnoli.
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